quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

It starts in my toes...

Como eu gosto disto...


Colbie Caillat - Bubbly


IT STARTS IN MY TOES
MAKES ME CRINKLE MY NOSE
WHERE EVER IT GOES
I ALWAYS KNOW
THAT YOU MAKE ME SMILE
PLEASE STAY FOR A WHILE NOW
JUST TAKE YOUR TIME
WHERE EVER YOU GO

Partilha...


Esta invernil primavera sabe bem. O fim-de-semana de acordar tarde e ver que o sol ainda lá está, sentir o cheiro da manhã. Ler na cama, enrolada entre cobertores e senti-lo entrar pela janela, esperando pelo meu definitivo acordar. Dizer bom dia ao mundo para lá da minha janela do alto.

Mas hoje, da minha janela vejo a rua, a cidade, a linha de um eléctrico que já não passa e sinto saudade desse campo tão perto e tão distante. Do cheiro da relva acabada de cortar, da terra molhada e das gotas de orvalho que nunca chego a ver. Do canto das cigarras e dos grilos, dos caminhos sem fim para lá dos montes. Um pôr do sol no pomar, sentada a ver o dia ir dormir e deixar-me levar de mão dada pelos campos de azedas, correr até mais não e deixar-me cair no fim, em frente a uma lareira quente e viva de um fogo que arde como o amor, de uma música que canta atrás de mim aquilo que não sei dizer, que não sei como, a não ser em beijos e esboços dos nossos corpos enredados. De esperar a noite escura e a brisa do fim do lume que se apaga num sopro de paixão de mais um dia que passou.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

De fio a pavio...


Há livros que dão vontade de ler de fio a pavio, ou de os lermos devagar para nunca mais os acabarmos, antecipando a saudade daqueles que nos vão ficando queridos. Desde pequena que sou assim. Há livros que quero e não quero acabar. Muitos vão-se somando na minha mesa de cabeceira para que possa voltar a eles em dias mais cinzentos, em que bate em minha alma a melancolia. Mas a verdade é que quero saber como acabam, quem vive ou morre, mesmo quando sei que morrem todos ou não morre ninguém. Gosto de ler a última página depois da primeira, mas fica tanta saudade quando a leio depois da penúltima.

Atrás das persianas fechadas, no jardim seco, árido e tostado ardia o Verão com a sua última raiva, como um incendiário que no seu furor delirante, abrasa o campo antes de ir pelo mundo fora. O general tirou a carta, alisou a folha de papel cuidadosamente e, sob a luz forte, com os óculos no nariz, leu outra vez as linhas rectas e curtas, traçadas com letras alongadas. Cruzou as mãos atrás das costas e assim continuou a leitura.

(...)

A ama sentou-se. No último ano envelhecera. Depois dos noventa as pessoas já não envelhecem como depois dos cinquenta ou sessenta. Envelhecem sem ressentimento. O rosto de Nini estava enrugado e rosado - as matérias muito nobres envelhecem assim, como as sedas de centenas de anos em que uma família teceu toda a sua habilidade manual e os seus sonhos. No ano passado contraíra cataratas num dos olhos. Esse olho estava agora triste e cinzento. O outro ficava azul, tão azul como as lagoas eternas entre as grandes montanhas, em Agosto. Esse olho sorria.


in As velas ardem até ao fim - Sándor Márai

I'm back!


A vida são dois dias,

o Carnaval são três,

mas a festa do Toxofal são quatro!


I'm back!

sábado, 26 de janeiro de 2008

Tacones lejanos


Gosto de saltos altos, altíssimos! De tacão, estilete, cunha,... mas altos. De verniz, sem verniz, de xadrez, riscas, coloridos... mas altos. De manhã à noite em cima de umas quase andas, de um lado para o outro a equlibrar-me entre as pedras da calçada portuguesa, passeios irregulares. Tarefa difícil, confesso, mas um segredo eterno: confiança, para a frente está o caminho! De vez em quando, lá vem uma torcidela do tornozelo entre duas corridas para o autocarro, em salto para o metro ou um aterrar confortável no banco do carro. Calçar-me de manhã é como apanhar o avião para as nuvens e para todos os sítios onde só chego com os meus sapatos. Palmilho a cidade sem medo. Desço as avenidas e corro pelas ruelas com a pressa do costume. À noite é como voltar à terra de um passeio de balão, pisando terra firme.


Os meus saltos quero-os altos, mas nos dias em acordo menos sonhadora, mais preguiçosa e menos lutadora acabo por sair de bailarinas nos pés ou botas de cavalo, para que nesse dia nem um pé possa falhar.



Nota: Bom fim-de-semana a todos, vou para o campo, voltarei para a semana.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Cantinho da biblioteca (II)

Ludwig Kirchner
Die Artistin Marcella

Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.

(in soneto 'Busque Amor novas artes, novo engenho' de Luís de Camões)

Ainda a tristeza...


As lágrimas são a linguagem muda da dor.

Voltaire

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Obrigada...

Hoje, voltei à minha batalha com o sol! Andamos numa guerra a ver quem ganha. Ele está a levar a melhor, porque os seus raios estão a ultrapassar as minhas nuvens e estão cada vez mais fortes. Como já estou mais com os azuis do que com os cinzentos, vou deixando. Amanhã, sei que já vou estar de amarelos e encarnados e, aí, o sol pode brilhar à vontade, que eu até o vou ver a namorar o mar.

Obrigada aos comentadores que ontem me fizeram sorrir;
à Madrinha pelos dois dedos de conversa (hoje foram mesmo quinze minutos!);
ao Huck pelos mimos todos, mesmo que eu não os mereça;
e à Pipa, a minha mana tão ajuizada quanto eu, que me animou com caipirinhas e me ofereceu este vídeo delicioso...

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Sei que é Tristeza...


Há dias em que acordo assim, com os azuis! Mas hoje acordei com os cinzentos mesmo! Amanheci com o meu céu nublado e a cabeça baixa, de queixo encostado ao peito e de abraço aos joelhos. Em que o meu cenário de dia seria um penhasco em frente ao mar, de cabelo ao vento, a deixar a brisa levar as minhas tristezas.

Saí de manhã cedo e o sol a brilhar era a antítese de mim, parecíamos descoordenados, desorientados, lutando um contra o outro. Lutámos em vão, porque ele manteve-se no céu azul e os meus olhos fecharam-se no meu cinzento céu.

Experimentei o passeio pelo bairro, escondida atrás da minha música que tocava alto e sem parar, tentei uma ida à praça para comprar flores, muitas margaridas amarelas como eu gosto, telefonemas a amigos só para ouvir um olá do lado de lá, que eu mais queria que fosse do de cá. Mas nada me arrancou esta tristeza que me invade e que me prende.

Há dias assim, em que acordo cinzenta e triste e sei que é mais do que as minhas melancolias, de que tanto gosto e cultivo, mais do que uma brisa mais fria e menos azul! Sei que é Tristeza...

O nosso tesouro...

A M. foi a minha primeira amiga em Lisboa! Tinha eu acabado de chegar da minha infância no campo, onde a liberdade quase não tinha limites, quando a conheci, no primeiro dia de aulas. Ficámos logo muito amigas, as melhores. Vivíamos perto uma da outra, voltávamos juntas da escola e foi com ela que partilhei todos os anos até ao fim do liceu. Foi uma amiga sempre, mesmo que depois nos tenhamos separado um pouco, ela sabia sempre quase tudo sobre mim e ainda hoje, quando nos vemos, ficamos horas à conversa… já é feitio, se havia repreensão a fazer-nos na escola era sempre a mesma: faladoras.

Na sala de aula, copiávamos desde sempre uma pela outra, mandávamos bilhetinhos e escrevíamos cartas de amor em conjunto aos nossos respectivos amores. O D. gostava de mim, mas era a ela que lhe tremiam as pernas quando ele aparecia na sua bicicleta verde. As nossas conversas à porta da escola eram feitas em 'estrangeiro', para nos armarmos em crescidas, mas aquilo não era língua nenhuma, nem nós nos percebíamos. Cantávamos a Laura Pausini com as letras todas trocadas. Depois das aulas, passávamos horas ao telefone e eu sentia o cheiro do arroz-doce da mãe dela através do telefone! Andávamos sempre à chuva, porque nunca gostámos de guarda-chuva, mas antes de ela ir para casa ia secar a roupa e o cabelo à minha. Crescemos sempre juntas e fomos andando de escola, sempre juntas.

Juntas vivemos a maior aventura, armadas em espiãs de alta classe – descobrir o que estava para lá de uma porta fechada a sete chaves, numa sala ao fundo da nossa escola. Como boas espiãs levámos luvas para não deixar impressões digitais e lanternas para espreitar pelo buraco da fechadura. Tentávamos arrombar a porta, mas isso fazia muito barulho e, magrinhas como éramos (ela ainda é!), não íamos ser capazes. Só havia uma maneira de lá entrar: saltar uma parede que não ia até ao tecto ou, pelo menos, espreitar por ela… foi ela que o fez, porque era mais alta! Mas foi também ela que se magoou, porque eu a deixei pendurada na parede, sem a ajudar… não tinha forças. Nunca chegámos a saber ao certo o que lá estava. Sabíamos que eram livros, outras coisas, nada de importante para nós, que julgávamos ir encontrar cadáveres e tesouros (imaginação fértil!). Mas, para nós, foi como descobrir o baú do tesouro e ele estar vazio. Uma desilusão.

Desde então que não penso nesta história, mas, na sexta-feira, falava eu da minha biblioteca, num primoroso jantar em casa da minha mãe (como são todos os que ela faz, assim se conserve!), quando me disse:

- Sabes, os livros da tua biblioteca estiveram anos fechados numa sala da escola primária! Uma sala lá ao fundo, que estava sempre fechada. Lembras-te?

E eu só tive tempo de abrir um sorriso e de dar pulos de alegria – afinal. aquilo era mesmo um tesouro e agora era meu! Nem queria acreditar! E esteve à minha espera, à espera de que eu pegasse em cada um dos livros e os ordenasse, para depois partilhar este nosso tesouro com o mundo. A vida é maravilhosa, estas coincidências são sempre deliciosas.

Por isso Mada., hoje partilho contigo este nosso tesouro e espero uma visita tua, para que possamos apreciá-lo as duas!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Um livro para nos lermos...

Ontem comprei um livro. Como gosto de comprar livros! De os percorrer a todos com os dedos, nas estantes das livrarias, nas mesas de destaque, e de os escolher com cuidado, de os pegar devagarinho, como se fossem quebráveis, como se fossem um tesouro, que o são. Os meus livros são o meu maior tesouro, muito mais do que as jóias que já vou tendo, muito mais do que outras coisas. Gosto de passar horas a ler sozinha ou de ler num colo, de ler a ouvir música clássica, porque era assim que passava os fins-de-semana ao lado do meu pai. Gosto de ler e de rir a ler, de sorrir, de chorar, de fazer ‘ah, nem acredito!’, de me rever ali, de me outrar nas leituras e de me perder, de voar com a leitura e de me prender a um livro.


Gosto que me contem histórias ao deitar, tanto quanto gosto que me embalem a tocar caixinhas de música que vou juntando na mesa-de.cabeceira, ao lado dos livros, porque são dois tesouros. Gosto que me contem histórias e de as contar. Ontem comprei um livro para me ser contado e para contar, à vez, cada um o seu capítulo, e está a ser tão bom...

Estava escondido na estante e eu gosto de livros escondidos... é um tesouro, mais um - nosso!

Chama-se A chuva pasmada e é de Mia Couto, de quem tanto gosto, porque brinca com as palavras e com as formas delas, constrói-as e desconstrói-as de um lado para o outro, para cá e para lá. Apaixonei-me pela capa dura, pelas ilustrações de Danuta Wojciechowska e pelo recorte da contracapa...

Como ele sempre dissera:
o rio e o coração, o que os une?
O rio nunca está feito, como não
está o coração. Ambos são sempre
nascentes, sempre nascendo.
Ou como eu hoje escrevo:
milagre é o rio não findar mais.
Milagre é o coração começar sempre
no peito de outra vida.

Hoje podemos ler-nos até ao fim?

Stop! in the name of love...

Obrigada à Marta que já me fez dançar esta música hoje...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

A nova geração...

Para acabar com os preconceitos e mitos do carrapito, da saia lápis, dos óculos na ponta do nariz e ausência de beleza... eis a nova geração de bibliotecárias... EU!

Sou como a lua...



Desde pequena que gosto de ver a lua e as estrelas, sentada numa rocha, num banco de jardim, num pedaço de areia no Verão. De apontar o dedo e desenhar as constelações que o meu avô me ensinou... dizia que era romântico saber as constelações, para quando se namora ao luar. Porque elas sabem muitos dos meus segredos e porque eu acho que sou mesmo como a lua... tenho fases!


Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Perdição da vida minha!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.
Fases que vão e vêm,
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.
E roda a melancolia seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases como a lua...)
No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...


Cecília Meireles

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Cantinho da biblioteca (I)


A minha vida faz-se ao contá-la e a minha memória fixa-se com a escrita; o que não ponho em palavras no papel, o tempo apaga-o!

(Isabel Allende in Paula)

Manhãs...

Hoje acordei com esta energia...





If I could escape
And re-create a place as my own world
And I could be your favorite girl
Forever, perfectly together
Tell me boy, now wouldn't that be sweet?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Micronarrativa (VI)

(Baleal - fotografia de PC)

Fica ancorado em mim! Solta o teu corpo e desce ao cais do desejo, onde o limite é o nada. Desenha com teus dedos em meu corpo o mapa dos nossos sentidos e deixa conhecer-nos, percorrer-nos como se fossemos país sem fronteiras, mar de infinito horizonte. Revela-me o segredo deste amor, onde a pátria é um só corpo e os teus olhos verdes o alto mar.




(Kátia Guerreiro – Ancorado em Mim - Poema de Ana Vidal)

Foste o mar e o veleiro
muito mais que o mundo inteiro
Ficaste ancorado em mim

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Cozinhar no caldeirão...


Os presentes que oferecemos no Natal passado ficaram marcados pelos frasquinhos de lemon curd, taças de marmelada, tomates secos em conserva e cogumelos funghi porcini com especiarias. Tudo confecção particular, em longas tardes de gastronomia na nossa cozinha mágica.

É difícil explicar a alegria que têm as nossas tardes ao fogão e o fim delas a enfrascar tudo aquilo que saiu dos caldeirões. Estes presentes, mexidos com a varinha de condão, levam muitos pozinhos de perlimpimpim, muitos ingredientes secretos, recolhidos no mais secreto bosque.

Sou, certamente, candidata ao prémio de maior aldrabona de receitas, devo ter saído à minha bisavó! As receitas do livro dela nunca saem bem a ninguém. Diz a minha avó que ela nunca fazia nada como lá estava escrito. A verdade é que cozinhava maravilhosamente e todos temos muita pena de que ninguém tenha tido tempo de a espiar e reescrever as receitas. A mim nem sempre me sai tudo bem, há mesmo um dia em que sai tudo mal! Mas os convidados não são esquisitos e, se eu digo que é bolo escangalhado, uma receita nova, ninguém vai duvidar e muito menos supor que não consegui desenformar o bolo direito!

A verdade é que mudo sempre qualquer coisinha, às vezes não mudo é a coisa certa, mas com as experiências vou lá! Não resisto a inovar. Ainda me lembro de uns cogumelos recheados de queijo azul que da receita acabaram por ter só os cogumelos, essa nem eu consigo repetir!

A 'nossa' cozinha é mais ou menos como um laboratório de experiências científicas, onde por vezes há fogo, explosões e cadeirões fumegantes. Não proibimos a entrada nem de espectadores, nem de rapadores de tachos. É essa companhia que faz as alegrias e, muitas vezes, as distrações... mas tudo se supera e tudo se recupera…

Aqui fica a receita da Marmelada de Limão lemon curd, tirada da minha Bíblia da Culinária - O Pantagruel, exemplar cheio história, desde o início, e de dedadas várias, marca das aventuras culinárias que ao longo dos anos vamos passando e das danças que vamos dançando, porque a banda sonora também é pó mágico.

Agora que a receita está dada, vamos lá ver quem se atreve a ir para o lume! Ficam é a saber que nem eu sabia que mudava tantas coisas! É esta a receita que sigo, mas não faço nada assim… segredos!


INGREDIENTES:
1 kg de açúcar
125 g manteiga sem sal
8 ovos
6 limões

PREPARAÇÃO: Põe-se o açúcar num tacho e ralam-se em cima as cascas dos limões, juntando-lhes o sumo dos mesmos e a manteiga. Leva-se tudo ao lume a ferver durante um bocado mexendo sempre. Tira-se deitam-se na mistura os ovos, previamente bem batidos e volta a lume muito, muito, muito brando para fervinhar durante 5 minutos, mexendo sempre com a colher de pau. Guarda-se em boiões.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

A história de Lily braun

Para os fãs deste sorriso, destes olhos e do Círco Místico...


Como num romance
O homem de meus sonhos
Me apareceu no dancing
Era mais um
Só que num relance
Os seus olhos me chuparam
Feito um zoom

Ele me comia
Com aqueles olhos
De comer fotografia
Eu disse cheese
E de close em close
Fui perdendo a pose
E até sorri, feliz

Circo místico à lareira


Se me pedissem para escolher um dico de vinil, não teria dúvidas: O Grande Circo Místico, de Chico Buarque e Edu Lobo. Porquê?
Porque me foi ensinado num sofá de lareira, há quase cinco anos, e foi companhia em muitas tardes de Inverno, ouvindo a chuva cair lá fora, aconchegada numa manta e num livro, entre duas canecas de chá e um beijo.
Depois da pré-festa, da festa e das despedidas... o silêncio quente, o crepitar da lareira, um colo de olhos verdes, com um rosto de azuis e as música das dançarinas.


És de afectos?


Há pouco tempo, a X. perguntava-me:

- És de afectos?

- De afectos como?

- De beijos e abraços?

- Sou, pois! E muito! De mimos, beijos e abraços. De deitar ao colo, de dormir ao colo, de pedir colinho e de dar colinho e fazer miminho! De chuchar no dedo quando não consigo dormir, de fazer cafuné nos cabelos, de apertar bochechas, mordiscar orelhas, pentear os cabelos desalinhados, desenhar sorrisos, dar a mão, de deitar o ouvido na coluna do coração e ficar a ouvir o bate-bate, de cantar baixinho, de escrever bonito nos guardanapos do pequeno-almoço só para ver sorrisos. De comprar flores, de gostar de flores e do azul do céu e do pôr-do-sol, das estrelas à noite e do luar no Verão... Se sou de afectos? Então não sou?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Um presente doce...

Foi um presente, melhor dizendo, foram doze presentes. Bem embrulhadinhos, em duas caixinhas, ainda quentinhos e maravilhosos - de comer e chorar por mais! Não lhes resisto e venham quantos vierem - vêm por bem! Nem posso contar quantos já comi hoje (já lhes perdi a conta), mas é bem capaz de ser pecado. Estavam prometidos há mais de um mês, mas se a demora paga assim tão bem, para a próxima posso esperar dois meses ou três.



Ana, obrigada pelo presente! Desculpa não te ter dado nenhum, fui um bocadinho egoísta confesso, mas não me mates por isso! Em troca, dedico-te uma música, esperando que gostes.


(Food glorious food)

Micronarrativas (V)

Quando me calo e me perco no silêncio, meus olhos voam para outras paisagens, outros mundos perdidos. Sei que gostas de me olhar assim, perdida em mim, abandonada aos sons e aos ritmos que rodeiam um eu que se soltou! Sentada à beira-mundo, numa pedra das muitas, olho o mar, o horizonte e o infinito. Perco-me lá longe, em alto mar, ao sabor das ondas que me balançam e navego de olhos abertos. Regresso a nós chamada pelos teus olhos verdes e teus dedos morenos que penteiam meus cabelos rebeldes ao vento. Sei que só tu conheces as viagens dos meus silêncios, a que chamamos melancolias.



(recitado por Alejandro Sanz)

Me gustas cuando callas porque estás como ausente,
y me oyes desde lejos, y mi voz no te toca.
Parece que los ojos se te hubieran volado
y parece que un beso te cerrara la boca.

Como todas las cosas están llenas de mi alma
emerges de las cosas, llena del alma mía.
Mariposa de sueño, te pareces a mi alma,
y te pareces a la palabra melancolía;

Me gustas cuando callas y estás como distante.
Y estás como quejándote, mariposa en arrullo.
Y me oyes desde lejos, y mi voz no te alcanza:
déjame que me calle con el silencio tuyo.

Déjame que te hable también con tu silencio
claro como una lámpara, simple como un anillo.
Eres como la noche, callada y constelada.
Tu silencio es de estrella, tan lejano y sencillo.

Me gustas cuando callas porque estás como ausente.
Distante y dolorosa como si hubieras muerto.
Una palabra entonces, una sonrisa bastan.
Y estoy alegre, alegre de que no sea cierto.

Pablo Neruda in Cien Sonetos de Amor

De que cor são as nuvens?

Porque na vida não há só preto e branco e há coisas para as quais andamos a olhar há séculos, mas ainda não as vimos bem!




Ele abriu a janela ao meio, o que encheu a sala de ar frio.
- Anda cá Griet.
Poisei o trapo no parapeito e dirigi-me para junto dele.
- Espreita pela janela.
Espreitei. Estava um dia ventoso, com nuvens que desapareciam por trás da torre da Igreja Nova.
- De que cor são aquelas nuvens?
- São brancas, senhor.
- São? - perguntou ele, erguendo ligeiramente as sobrancelhas.
Deitei-lhes mais uma olhadela.
- E cinzentas. Talvez vá nevar.
- Vá lá Griet, consegues fazer melhor do que isso. Pensa nos teus legumes.
- Nos meus legumes, senhor?
Ele moveu a cabeça ligeiramente. Estava outra vez a irritá-lo. O meu maxilar contraiu-se.
- Pensa em como separaste os brancos. Os nabos e as cebolas. São do mesmo branco?
De súbito compreendi.
- Não. O nabo tem verde a cebola amarelo.
- Exactamente. Então que cores vês nas nuvens?
- Há azul nelas - respondi depois de as examinar durante alguns minutos. E... amarelo também. E algum verde! - Estava tão entusiasmada que até apontei. Tinha olhado para nuvens durante toda a vida mas era como se as visse pela primeira vez naquele momento.
Ele sorriu.
- Hás-de descobrir que há pouco branco puro nas nuvens, embora as pessoas digam que são brancas.


Tracy Chevalier, in Rapariga com Brinco de Pérola

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Bom fim-de-semana

Bom fim-de-semana a todos que eu vou para o campo!
Até logo aos que nos forem ajudar com as iguarias de amanhã;
até amanhã aos que por lá passarem
e até Domingo a quem por aqui for passando!

( Fotografia de Miguel Ferreira)

Sonata fácil de dançar...

Sonata fácil de Mozart


(Primeiro andamento)



(Segundo andamento)

(terceiro andamento)

Ontem, fizemos de uma sala de estar um salão de baile! O codornizes voltou a sentar-se ao piano, primeiro a medo, depois como um artista, e eu aceitei um desafio:

- Dance comigo! Dance!

E dancei pois. Quatro bailarinos... eu e os três porquinhos. Uma festa! Ouvir o ritmo, ensinar o passo, acertá-lo, esquecendo os bons palmos de altura que nos afastavam, fazer piruetas, rodopiar, saltitar e improvisar muito, que nestas sonatas tudo se pode menos pisar! E eles sabiam isso! E lá estivemos mais de uma hora, de um lado para o outro, trocando de par, inovando a dança, acabando muitas vezes no chão, entre risos e cócegas. Descanso só no meu colo onde rodopiávamos mais do que nunca! E no fim, dançar abraçadinhos, ser chamada de 'querida' e cair em delícias com o conselho final:

- Se fechar os olhos, sabe ainda melhor!

Pois sabe! Fechámos os olhos e continuámos o baile...

Por fim, troquei um dos dançarinos pelo pianista e aí é que a valsa se dançou!

Ao moreno no fim do mundo...


No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade
Contam coisas da cidade...
No rancho fundo
De olhar triste e profundo
Um moreno conta as "mágua"
Tendo os olhos rasos d'água
Pobre moreno
Que de tarde no sereno
Espera a lua no terreiro
Tendo o cigarro por companheiro
Sem um aceno
Ele pega da viola
E a lua por esmola
Vem pro quintal desse moreno
No rancho fundo
Bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria
Nem de noite nem de dia
Os arvoredos
Já não contam mais segredos
E a última palmeira
Ja na cordilheira
Os passarinhos
Internaram-se nos ninhos
De tão triste esta tristeza
Enche de trevas a natureza


Nota: Esta música é para o D. - o moreno que está lá sozinho, no fim do mundo, chorando de saudade da sua morena. E para a morena que está cá, com a família e os amigos, mas que mesmo assim chora de saudade do moreno!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Provérbios em Janeiro...

(Janeiro, do Livro das Muito Ricas Horas do Duque de Berry)
Hoje fui tomar café com a M., ela que até há bem pouco tempo estava sempre a dizer provérbios e a invocar a Nossa Senhora não-sei-das-quantas. Foi por causa dela que me lembrei de trazer aqui um pouco de cultura popular...


Comer laranjas em Janeiro é dar que fazer ao coveiro. Comer só tangerinas e beber só suminho acabado de espremer!

Em Janeiro sobe ao outeiro; se vires verdejar, põe-te a chorar, se vires nevar, põe-te a cantar. Há dois anos nevou e que bem que cantámos!

Em Janeiro, cada Ovelha com seu Cordeiro. Terei de mudar de apelido?

Em Janeiro, um Porco ao sol e outro ao fumeiro. Sandy, para quando uma matança?


Janeiro fora, cresce uma hora. Os dias começam a crescer... até à semana em que até sexta-feira tem pôr-do-sol!

Janeiro geoso e Fevereiro chuvoso fazem o ano formoso. Se assim for, por mim, pode até nevar...

Janeiro molhado, se não cria o pão, cria o gado. Não gosto de chuva... mas um bom bife...

Luar de Janeiro não tem parceiro; mas lá vem o de Agosto que lhe dá no rosto. Sim, era 31 de Julho, mas já passava da meia noite!

Não há luar como o de Janeiro nem amor como o primeiro. Como os primeiros, diria!

O mês de Agosto será gaiteiro, se for bonito o 1º de Janeiro. Não foi bonito, foi lindo! Gaiteiro, gosto, desde que não seja velho!

Pintainho de Janeiro vai com a mãe ao poleiro. Pinto não, codorniz!

Seda em Janeiro, ou fantasia ou falta de dinheiro. Depois do Natal, só compras na loja dos trezentos.

Vinho verde em Janeiro é mortalha no telheiro. Nada disso, em Janeiro só champanhe!


Sapato branco em Janeiro é sinal de pouco dinheiro. E o que faço às bailarinas brancas que comprei nos saldos?

Micronarrativa (IV)


Saudade de um beijo e do desejo de um beijo. Saudades de ti e do teu corpo envolto no meu. Braços grandes e quentes, concha onde durmo, cabelos enredados nos meus, compridos de sereia azul, filha da maresia e da manhã quando acordas ao meu lado. Doce abraço, o teu, no meu, anjo caído em brancos lençóis onde o amor acorda e sussurra:
- Saudade.



(Mafalda Arnauth - Talvez se chame saudade)

Este doce recordar
Que amargamente me invade
Talvez que não tenha nome
Talvez se chame saudade.

Tabacaria

Klimt - O Beijo, 1907/08


Hoje, não me perguntem porquê, acordei com este poema! Na minha cabeça desenhava-se o verso - 'tenho em mim todos os sonhos do mundo!'. E dei por mim a dizê-lo baixinho, repetidamente! Ainda devia estar a sonhar...

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.

(...)
in Tabacaria, Álvaro de Campos

Desencontros e reencontros...

Um 'pedido de desculpas' com 4 anos de atraso!



A vida vai correndo ao sabor das marés e das tempestades. Crescemos, engordamos e emagrecemos ou ficamos na mesma. Em cada dia, somos nós próprios e um novo nós que se renova. Desejos e sonhos desenham-se na pele e nas artérias! Há quem passe por nós e nos faça sorrir muitas tardes, muitas manhãs, muitas vezes, entre dois olhares cúmplices, nunca verdadeiramente explicados. Um dia, na encruzilhada, os olhares separam-se! Cada um segue o seu espaço e juntos percorrem o mesmo tempo! O mundo é pequeno, uma varanda à beira-mar... por isso, a meio caminho, lá nos encontramos outra vez - que bons são os reencontros!

Nota: Ao meu reencontro com o VV! Dedico-te esta música, porque foi a primeira de muitas que me escreveste nas nossas cartas!

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Se ele canta, eu danço!

Tem 83 anos, vem dia 23 de Fevereiro ao Pavilhão Atlântico e eu quero ir lá!
Não me desiludas, Aznavoice... c'est formidable!

País de cigarro livre

Ontem, enquanto pensava ir ao Procópio, só me vinha uma ideia à cabeça: será que lá se pode fumar? Confesso que não imaginava aquele lugar sem as chaminés por cima dos habitués... Na verdade, acho que até perdia um pouco o encanto e o ambiente característico dos charutos, cigarrilhas, cigarros e cachimbos! E não é que se pode mesmo! Há coisas que ainda bem que não mudam... País de cigarro livre, já dizia o Garrett.

(...) No entretanto vamos acender os nossos charutos, e deixemos os precintos aristocráticos da ré: à proa, que é país de cigarro livre.

Não me lembra que lord Byron celebrasse nunca o prazer de fumar a bordo. É notável esquecimento no poeta mais embarcadiço, mais marujo que ainda houve, e que até cantou o enjoo, a mais prosaica e nauseante das misérias da vida! Pois num dia destes, sentir na face e nos cabelos a brisa refrigerante que passou por cima da água, enquanto se aspiram molemente as narcóticas exalações de um bom cigarro da Havana, é uma das poucas coisas sinceramente boas que há neste mundo.

Fumemos!

Aqui está um campino fumando também gravemente o seu cigarro de papel, que me vai emprestar lume.
– «Dou-lho eu, senhor...» acode cortesmente outra figura mui diversa, cujas feições, trajo e modos singularmente contrastam com os do moçárabe ribatejano.
Acenderam-se os charutos, e atentámos mais devagar na companhia em que estávamos.
in Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett (1799-1854)

Bloody Mary no Procópio...


O Procópio é um dos meus bares preferidos em Lisboa. Muitas vezes, ao fim da tarde, os jantares são antecedidos por um par de horas ali passadas a beber Bloody Marys! É quase como chegar a casa de um amigo para uma conversa ao pôr-do-sol.O ambiente acolhedor é espaço de tertúlia, mas também de tête à tête. Foi lá que ontem fui acabar a minha tarde. Já não ia ao Procópio há algum tempo, mas tenho sempre a sensação que nunca deixei de lá ir – está sempre tudo na mesma. O piano, as estantes e prateleiras com esculturas, pequenas estátuas e a música maravilhosa! É um sítio onde a conversa não tem prazo para acabar, muitas vezes só somos derrotados pelo João Pestana ou pelo sino da igreja que chama para jantar. Fica a certeza de que volto em breve.



Nota: O Procópio faz-me lembrar uma amiga com quem vou tomar cafés de quinze minutos e que se prolongam por horas. Qualquer dia vamos lá as duas!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Saudades...

Em memória de uma viagem a Trevélez...
Fotografia encontrada aqui.


A casa da saudade chama-se memória: é uma cabana pequenina a um canto do coração.
Henrique Maximiliano Coelho Neto - escritor brasileiro (1861-1934)

Oh Soledad, dime si algún día habrá
entre tú y el amor buena amistad.
Vuelve conmigo a dibujar las olas del mar,
dame tu mano una vez más.
(Oreja Ve van Gogh - Soledad)

Que nunca caiam as pontes...

A melodia não é perfeita e não fica no ouvido, não é de longe a melhor de Pedro Abrunhosa, que deu em cantar neste ritmo falado, mas há qualquer coisa que me prende ao poema e que me faz cantá-lo também!



Eu tenho a terra,
Tu tens as mãos,
Tens o desejo
Que bata em nós um coração.
E eu, e tu,
Perdidos e sós,
Amantes distantes,
Que nunca caiam as pontes entre nós.

Cais das Codornizes (IX)


Um último Cais das Codornizes de Natal - We three kings. No cais canta Ella Fitzgerald e no codornizes o coro da Catedral de Winchester.

domingo, 6 de janeiro de 2008

Os Reis Magos chegaram a Belém...

Os Reis Magos já chegaram a Belém...


Seguiram a estrela mais brilhante e chegaram ao presépio... já os pus mais perto das palhinhas do menino Jesus!

Depois de uma missa matinal, onde fui para ouvir a minha irmã a cantar o Amazing Grace, seguiu-se um almoço de família, porque é sempre bom comer as iguarias da mãe Teresa. À tarde, passeio pelo Museu Berardo, porque sobre arte gosto sempre de aprender com as manas mais novas, uma espreitadela ao concerto de Reis nos Jerónimos, coro de Santa Maria de Belém com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigidos por Jorge Matta, e a cereja no topo do bolo, porque ao Domingo não se fazem dietas...


Nota: Dedico esta entrada às minhas irmãs, porque sabe bem passear com elas e recordar outras tantas tardes como estas!

Presente do Dia de Reis

Já é dia de Reis! A quadra natalícia está mesmo a chegar ao fim. E tenho tanta pena de desfazer a árvore, de desmontar os presépios e de retirar as coroas e as velas que durante mais de um mês alegraram a minha casa! Para o ano há mais! Os presentes já não estão debaixo do abeto. Hoje, abrimos os últimos, que trocamos todos os anos, por esta data, celebrando o Dia de Reis, seguindo a tradição da nossa costela espanhola! Este ano recebi presentes maravilhosos, quase tudo aquilo que escrevi na carta ao Pai Natal! E não sei se merecia todos! Hoje de manhã havia um desejo que ainda não tinha realizado! Havia uma coisa que já tinha pedido nos anos, depois no Natal... mas, presente após presente, ela nunca apareceu! Esta noite, o Rei Mago mais generoso seguiu a estrela mais brilhante, chegou à minha casa e deixou o meu desejo no presépio: uns sapatos lindos, com uma cunha de madeira de vinte centímetros (exagero!). Foi o melhor presente desta quadra... Obrigada!
Como agradecimento, dedico ao meu Rei Mago a música mais irritante do Natal espanhol!


sábado, 5 de janeiro de 2008

Cais das Codornizes (VIII)


O Natal são muitos dias... para nós, começou no início de Dezembro e só acaba amanhã, dia em que chegam os Reis Magos. Este ano, os presentes têm sido repartidos ao longo da quadra. Ainda esta tarde chegaram mais alguns. A música tem de ser, por isso, The twelve days of Christmas (apesar de o nosso Natal ter durado mais de um mês...). O codornizes escolhe a versão original, na interpretação de John Denver com os Marretas. O meu cais apresenta uma recriação pelas princesas da Disney.



sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

A menina dança?

A minha sala e a minha cozinha são os meus salões de baile favoritos, onde a pista está sempre aberta até altas horas da madrugada e a música varia conforme os amores e os humores! Esta não deixa de me contaminar e foi uma das primeiras que ouvi, mal começou 2008, acompanhada de uma boa ginjinha caseira, numa pista à beira-mar. É só ganhar balanço, que a dança nasce...
'A dança' - Matisse


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Contamíname, pero no con el humo
que asfixia el aire
ven, pero sí con tus ojos y con tus bailes
ven, pero no con la rabia
en los malos sueños
ven, pero sí con los labios
que anuncian besos.

Contamíname, mézclate conmigo
que bajo mi rama tendrás abrigo,
contamíname, mézclate conmigo
que bajo mi rama tendrás abrigo.

Suddenly I See...

Há poucas coisas que me conseguem pôr bem disposta pela manhã! Além de um pequeno-almoço na cama, com torradas cheias de doce ou manteiga com açúcar, sumo de laranja acabada de espremer e café, acho que só uma boa música me arranca um sorriso e um suspiro de boa disposição. Às vezes, a música só aparece à porta de casa, dentro dos meus ouvidos, a caminho do metro, no meu precioso mp3.

E lá vou eu, quase agente disfarçada, de sobretudo preto, óculos escuros e faces geladas enfiadas num cachecol. E lá vou eu, e só eu, a cantarolar aquelas poesias do meu gadget, passeio fora! Ultimamente, Suddenly I see, condiz com as minhas manhãs. Ao ouvi-la, quase me sinto personagem principal do videoclip! É tão bom ficar bem disposta pela manhã... E quando dou por mim, lá estou eu a sorrir pela rua e a cantarolar...

Para os mal humorados matinais: experimentem!

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

No quites nunca esa canción...


De regresso às espanholadas, e aos Mecano de quem tanto gosto...

Porque não gosto que desliguem o rádio quando estou a ouvir aquela canção, porque não gosto quando acaba a bateria do mp3, porque não gosto que 'me quiten ninguna canción'!





Hay un disco que me excita
habla de una relación
el amor entre un hombre
y una máquina vapor.
Siempre lo estoy escuchando
es mi única canción
si alguien entra a cambiarlo
lo echo de mi habitación.


No, no, no, no quites nunca esa canción
no, no, no, no seas antiguo y déjate llevar
todo es posible en el amor.


Nota: Miguel, esta dava um belo cantinho do piroso...

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A bela adormecida

Um poema que diz muito das minhas manhãs do fim do ano... em que era só abrir os olhos para ver o mar. Mas também diz muito das minhas manhãs de fim-de-semana em que gosto de ficar a 'preguiçar'.

Pela manhã acorda-me
Não te esqueças de me abraçar
Completo
Sai com cuidado para não me acordar
Mas deixa o teu perfume aqui comigo
Para que possa sonhar contigo quando não estás
E assim ficas junto de mim
Abraçados
Algures.

Nota: encontrado aqui.

Micro-narrativa (III)


A nossa casa, Amor, a nossa casa!, é um poema de Florbela Espanca que tem servido de mote a muitas conversas e a alguns poemas. Hoje, dá início a uma Micro-Narrativa que foi comentário aqui.


A nossa casa, Amor, pode ser numa árvore, pode ser à beira-mar, pode ser num barco em alto mar. Mas a morada do Amor é sempre um coração apaixonado! É o teu dentro que só eu conheço, é o suspiro do desejo que desenha os alicerces e cria raíz. A nossa casa, Amor, é feita dos braços e dos abraços dos nossos corpos, entrelaçados em telhado, protegendo das intempéries que possam vir. Abraça mais, para a chuva não entrar; abraça mais, para o vento não deitar nada abaixo! A nossa casa, Amor, somos nós, construída pelas chamas do Amor entre dois sopros do respirar.