Hoje, não me perguntem porquê, acordei com este poema! Na minha cabeça desenhava-se o verso - 'tenho em mim todos os sonhos do mundo!'. E dei por mim a dizê-lo baixinho, repetidamente! Ainda devia estar a sonhar...
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
(...)
in Tabacaria, Álvaro de Campos
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
à parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a pôr humidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada.
(...)
in Tabacaria, Álvaro de Campos
5 comentários:
É incrível como a poesia de Fernando Pessoa se entranha na nossa vida, ao ponto de já nem imaginarmos como era antes de a conhecermos.
Talvez esteja a exagerar, mas ele parece ter adivinhado tudo o que iríamos sentir no futuro sem sequer nos conhecer. Será que são isso as saudades do futuro? :)
De Pessoa mais não direi, que a sereia do cais e a Maria do sol já esgotaram o assunto...
Mas que pensar de um beijo com 100 anos? Que gostaríamos de ter força para dar outro que durasse tanto tempo? Que queremos passar o próximo século a dá-los a quem no-los merecer e retribuir? Que é esse o tempo que parece durar um beijo dado com paixão? O quadro é lindo e, por isso mesmo, deixo aqui um beijo.
Guarda-os bem, afilhada, fazes bem em fazer colecção. Os sonhos nunca são de mais.
Guarda-os bem, afilhada, fazes bem em fazer colecção. Os sonhos nunca são de mais.
Maria del Sol a poesia de Fernando Pessoa é daquelas que é quase sabedoria popular, porque anda na boca de toda a gente! Gostei dessa ideia das saudades do futuro... Fernando Pessoa era muito esotérico! Fazia cartas astrais e tudo! Por isso, quem sabe, talvez... Eu não gostava de saber o futuro, mas de vivê-lo adorava! Beijinhos
Huck, meu querido, estava a ver que ninguém falava no quadro! Adoro-o... queria ter posto outro aqui, mas não o encontrei! Beijos e sonhos... queres melhor?
Madrinha... comentas duas vezes, é para ver se eu aprendo? Mas tens razão, sonhos nunca são de mais e nunca devemos desistir deles... Guardo-os numa caixinha de música, pode ser? Beijinho especial para ti, por causa dos sonhos
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