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sábado, 31 de maio de 2008

Poema de Sábado

(escultura da maternidade)


LETTERA AMOROSA

Respiro o teu corpo
sabe a lua-de-água
ao amanhecer,
sabe a cal molhada,
sabe a luz mordida,
sabe a brisa nua,
ao sangue dos rios,
sabe a rosa louca,
ao cair da noite
sabe a pedra amarga,
sabe à minha boca.

Eugénio de Andrade

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Hasta luego!

(Fotografia de PC)
Fujo para o paraíso perdido, uma casa no campo, sonhando com longas horas de passeio pelos montes e vales, piqueniques na barragem, tardes de leitura debaixo de qualquer uma árvore, ou mesmo deitada no tronco que parece ter-se dobrado à medida do nosso corpo (será que ainda cabemos?). E os fins-de-tarde em cima do telhado, à espera que o sol se ponha para lá do pomar de peras, ao longe, muito longe, naquela linha imaginária! Para recolher à braseira e ficar a ver os filmes que alugámos no clube de vídeo da vila, para ficar a ler, para conversar com quem bate à porta, para dormir a sesta e repousar o corpo dos ares do campo ou aceitar um convite para jantar.

O acordar com o galo, com o sino da igreja, com a luz que teima em espreitar por entre as portadas que já não fecham bem, por umas janelas que deixam passar o frio da manhã! Os cães a saltar quando chegamos ao pátio, quando queremos é estar à mesa de um pequeno-almoço já preparado, o sumo da laranja apanhada no pátio, o pão que alguém nos deixou na porta e um primeiro banho de sol matinal ainda, de pijama. Está frio, às vezes chove e ficamos na lareira ainda apagada, da preguiça de ir buscar lenha, de ir acendê-la, mas onde já toca um disco de vinil, que nos obriga a levantar tantas vezes, para virar, para trocar! Enrolada numa manta da Serra da Estrela, daquelas que pica na pele, como se ainda fôssemos meninas e o fizessem as saias de fazenda! Deixo-me quase sempre adormecer, perder no periclitar da lareira, na preguiça de deixar o disco parado sem que ninguém o vá girar.

Sair de casa, só para ir à praça, à mecearia, buscar a fruta que não temos, os legumes que queremos saltear numa frigideira antiga, que pega sempre, para comermos no alpendre, sem pressas. No talho, a melhor carne, que servirá de jantar, talvez um churrasco, para quem quiser aparecer e sentar-se a uma mesa onde há sempre lugar para mais um, dois, os que vierem. E as noites de ginginha e cartadas na biblioteca, a meia-luz, onde acabamos muitas vezes zangados, entre tantas batotas, como se ainda fossemos meninos de escola e roubássemos dinheiro no Monopólio!

Esperar que a noite acabe e deixar que o amanhã chegue mais tarde, ficar numa ronha de pequeno-almoço na cama, visitas no quarto no alto da 'torre' para dois dedos de conversa, preguiçando num meio-dia ainda não levantado! E como demoram essas manhãs, como parecem eternas.

As tardes passam devagar, como se os ponteiros do relógio não andassem, nos saltos à praia, às vezes em demorados passeios à beira-mar, quase sempre terminados num fim de tarde de marisco e no voltar a casa com a certeza de que a felicidade é esta sensação e que amanhã ainda andará por aí!

Hoje é dia de partida. Malas feitas, é só esperar a hora de saída, o salto para o carro entre desejos de ainda ver o pôr-do-sol à beira-mar.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Vou de viagem


De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.

(Sophia de Mello Breyner Andresen - Mar)


O fim-de-semana vai ser assim, na minha janela à beira-mar.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Diário de viagem


Dias de sol. Acordar pela manhã, com os raios a rasgar as riscas verticais do cortinado e a fazer despertar as almas mais quietas. Apenas acordar. Esperar pelo pão quente e o jornal, ainda o sol se começa a levantar. Desfazer as malas e encontrar a roupa de praia. Sair para passear como se navegássemos pela madrugada dentro, no caminho para a manhã de luz. Procurar o lugar ao sol numa esplanada virada para a marina. Voar com as ondas do vento até ao abrigo da piscina, sempre tão azul, tão fria, mas quase só nossa. Entre braçadas, mergulhos orgulhosos e fotografias de sorrisos, vamos deixando que o dia passe, que a tarde chegue enfim, para cairmos em quase sestas de fim de tarde em frente ao mar de que temos saudades infinitas. Ouvimo-lo murmurar, chamando por nós, mas a areia quente canta mais alto e ficamo-nos por ela. Jantar fora, tarde, sem horas, e deixarmo-nos cair na cama, como crianças que todo o dia correram na praia, atrás da bola, a fazer castelos de areia, a saltar as ondas e dar mergulhos, como golfinhos em alto-mar.

Acordar de novo e despertar para um novo dia, com o mesmo entusiasmo dos dias repletos de surpresas. Os presentes, as alegrias e novos sorrisos infantis que vêm ao nosso encontro. Como são puros os sorrisos das crianças. E que saudades desses dias em que a água nunca estava fria, em que o vento nunca despenteava, em que corríamos ao lado do mundo, ao mesmo ritmo, às vezes mais velozes.

Passear ao fim do dia, vendo o recolher das andorinhas em voos rasantes, um último mergulho, seguido de uma corrida para o banho de água quente numa banheira à nossa espera. E o mundo quase parado, apenas a navegar, numas horas que quase não passam.

Olhar o corpo bronzeado e ganhar coragem para o vestido e para os saltos altos. Sair para jantar e a acabar a noite, quando já vai grande a madrugada, a dançar na pista. A noite pára, chega a hora e amanhã já é dia de voltar.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Contagem decrescente... 2, 1, 0!

Desejos

É já hoje a partida para terras do sul, mas parece que as horas não passam, que os ponteiros não avançam. É sempre assim. Quando queremos que o tempo passe, ele não passa, quando o queremos eternizar, ele acelera e corre veloz contra os nossos ventos e marés. Temos de o saber contornar, ou enfrentar de espada em punho.

Vou para a praia e para um sol que espero que não fique entre as nuvens, ou escondido em manhãs de nevoeiro. Quero a sombra da espreguiçadeira para pôr as leituras em dia, uma mesa de esplanada virada ao mar, num fim de tarde, para ressuscitar a correspondência. Os jantares no pátio num quase verão quente, ou uns jantares até quase a madrugada. E acabar a dançar numa qualquer pista até ser dia.


Bom fim-de-semana a todos e até Domingo!


(O Extremo Sul - José Miguel Wisnik, roubado à Porta do Vento, sem autorização, para comemorar um ano de ventos e brisas!)

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Bom fim-de-semana

"Es necesario abrir los ojos y notar que las cosas buenas están dentro de nosotros, dónde los sentimientos no necesitan de motivos ni los deseos necesitan alguna razón. El importante es aprovecharse la del momento y aprender su duración, porque la vida está en los ojos de quién sabe verlo."
Gabriel García Márquez

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Bom fim-de-semana...


Sei apenas que vou. Ainda não sei para onde, com quem, nem quando. Sei apenas que vou.
Caminho por dentro
de ruas que o rio
deixa cor de vento
na maré vazia.
(in Ruas Anfíbias de David Mourão-ferreira)


Bom fim-de-semana.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Bom fim-de-semana...

Prometeram levar-me aqui amanhã...


E amanhã não seremos o que fomos, nem o que somos.
(in Metamorfose de Ovídio)

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Bom fim-de-semana


(Cais de embarque, fotografia de Maria Isabel Baptista)
BOM FIM-DE-SEMANA
***
Porque desejo o que não preciso?
Porque busca a minha alma, como o fogo, ou uma abstracta ânsia incandescente, tudo o que fica mais além?
(Fernando Pessoa)

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Volto já...

O Cais vai de férias até quarta, deixo-vos dois presentes:

- uma música para dançar...


(Amy Winehouse - Tears Dry on Their Own)


um poema para recitar...

Eu quero amar, Amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...Pra me encontrar...

("Amar" - Florbela Espanca in Amor é Poesia)

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Partilha...


Esta invernil primavera sabe bem. O fim-de-semana de acordar tarde e ver que o sol ainda lá está, sentir o cheiro da manhã. Ler na cama, enrolada entre cobertores e senti-lo entrar pela janela, esperando pelo meu definitivo acordar. Dizer bom dia ao mundo para lá da minha janela do alto.

Mas hoje, da minha janela vejo a rua, a cidade, a linha de um eléctrico que já não passa e sinto saudade desse campo tão perto e tão distante. Do cheiro da relva acabada de cortar, da terra molhada e das gotas de orvalho que nunca chego a ver. Do canto das cigarras e dos grilos, dos caminhos sem fim para lá dos montes. Um pôr do sol no pomar, sentada a ver o dia ir dormir e deixar-me levar de mão dada pelos campos de azedas, correr até mais não e deixar-me cair no fim, em frente a uma lareira quente e viva de um fogo que arde como o amor, de uma música que canta atrás de mim aquilo que não sei dizer, que não sei como, a não ser em beijos e esboços dos nossos corpos enredados. De esperar a noite escura e a brisa do fim do lume que se apaga num sopro de paixão de mais um dia que passou.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Bom fim-de-semana

Bom fim-de-semana a todos que eu vou para o campo!
Até logo aos que nos forem ajudar com as iguarias de amanhã;
até amanhã aos que por lá passarem
e até Domingo a quem por aqui for passando!

( Fotografia de Miguel Ferreira)