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quarta-feira, 21 de maio de 2008

Hasta luego!

(Fotografia de PC)
Fujo para o paraíso perdido, uma casa no campo, sonhando com longas horas de passeio pelos montes e vales, piqueniques na barragem, tardes de leitura debaixo de qualquer uma árvore, ou mesmo deitada no tronco que parece ter-se dobrado à medida do nosso corpo (será que ainda cabemos?). E os fins-de-tarde em cima do telhado, à espera que o sol se ponha para lá do pomar de peras, ao longe, muito longe, naquela linha imaginária! Para recolher à braseira e ficar a ver os filmes que alugámos no clube de vídeo da vila, para ficar a ler, para conversar com quem bate à porta, para dormir a sesta e repousar o corpo dos ares do campo ou aceitar um convite para jantar.

O acordar com o galo, com o sino da igreja, com a luz que teima em espreitar por entre as portadas que já não fecham bem, por umas janelas que deixam passar o frio da manhã! Os cães a saltar quando chegamos ao pátio, quando queremos é estar à mesa de um pequeno-almoço já preparado, o sumo da laranja apanhada no pátio, o pão que alguém nos deixou na porta e um primeiro banho de sol matinal ainda, de pijama. Está frio, às vezes chove e ficamos na lareira ainda apagada, da preguiça de ir buscar lenha, de ir acendê-la, mas onde já toca um disco de vinil, que nos obriga a levantar tantas vezes, para virar, para trocar! Enrolada numa manta da Serra da Estrela, daquelas que pica na pele, como se ainda fôssemos meninas e o fizessem as saias de fazenda! Deixo-me quase sempre adormecer, perder no periclitar da lareira, na preguiça de deixar o disco parado sem que ninguém o vá girar.

Sair de casa, só para ir à praça, à mecearia, buscar a fruta que não temos, os legumes que queremos saltear numa frigideira antiga, que pega sempre, para comermos no alpendre, sem pressas. No talho, a melhor carne, que servirá de jantar, talvez um churrasco, para quem quiser aparecer e sentar-se a uma mesa onde há sempre lugar para mais um, dois, os que vierem. E as noites de ginginha e cartadas na biblioteca, a meia-luz, onde acabamos muitas vezes zangados, entre tantas batotas, como se ainda fossemos meninos de escola e roubássemos dinheiro no Monopólio!

Esperar que a noite acabe e deixar que o amanhã chegue mais tarde, ficar numa ronha de pequeno-almoço na cama, visitas no quarto no alto da 'torre' para dois dedos de conversa, preguiçando num meio-dia ainda não levantado! E como demoram essas manhãs, como parecem eternas.

As tardes passam devagar, como se os ponteiros do relógio não andassem, nos saltos à praia, às vezes em demorados passeios à beira-mar, quase sempre terminados num fim de tarde de marisco e no voltar a casa com a certeza de que a felicidade é esta sensação e que amanhã ainda andará por aí!

Hoje é dia de partida. Malas feitas, é só esperar a hora de saída, o salto para o carro entre desejos de ainda ver o pôr-do-sol à beira-mar.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Memórias de fim de tarde


As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma.
Do mar que cantava só para mim.
(Sophia de Mello Breyner - As ondas)

Ontem, o fim de tarde foi de passeio nas curvas da serra, de travesseiros e de mar. Há dias em que acordo com desejos da beira-mar, do cheiro a maresia a entrar pelas janelas quando se abrem de par em par. Sei que vai ser assim no fim-de-semana, que o mar vai estar mesmo por baixo da minha janela, que vou adormecer embalada pelo bater das ondas nas rochas, acordar com o canto da brisa matinal. Mas ontem desejei esse sabor e fui procurá-lo! Passear pé ante pé à beira-mar, às vezes correr fugindo das ondas que rebentam ferozes e se deitam a nossos pés! Deixar ali o meu cansaço e levitar! Regressar a casa, deixar para trás o mar, as ondas e as marés, mas trazê-los desenhados em leves gotas nos pés e grãos de areia brilhantes nos sapatos.
Nota: Obrigada às minhas companhias do passeio, por satisfazerem os meus caprichos!

domingo, 16 de março de 2008

Passeio


Gosto dos fins-se-semana perfeitos: feitos de passeios, de descanso, de leitura, de sol e céu azul, de abraços e beijos, de sonhos e maresias. Ontem, andei quilómetros junto ao mar, deitei na areia que o sol já aquece, sentei na esplanada para comer polvo à lagareiro, passeei de mão dada, de face ruborizada. Passeei pela brisa da manhã, pela brisa da tarde e depois pela da noite. Sempre de mãos dadas com boa música, cantada a três vozes, nos trios inigualáveis de que tantas saudades tinha!

segunda-feira, 3 de março de 2008

Boa semana



(Shower the People - James Taylor)

Gosto das segundas de manhã, que ainda sabem a fim-de-semana, que ainda sabem a maresias de Domingo, ou ares do campo de Sábado. Que ainda guardam no armário da cozinha os pastéis de Belém que chegaram quentinhos, agora que os travesseiros já acabaram! Gosto de acordar, abrir a janela de par em par e sair a cantarolar por aí, rua acima, rua abaixo. De parar um pouco na hora de almoço para passear e perder-me em horizontes, quando o rio espreita por entre as ruas da cidade, quando a luz da cidade é mais branca e dança em volta da Basílica da Estrela ou quando se passeia pelas ruas da Lapa, que vão desaguar ao Tejo.
Boa semana.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Passeio musical por Lisboa

Não gosto da chuva que cai irregular nestes dias de céu cinzento. Não uso guarda-chuva e corro por entre os passeios escorregadios, atravesso as avenidas num corropio de uma agitação citadina. Gosto mais de passear alumiada pelo sol da Primavera ou de mãos dadas com as folhas que caem no Outono. A chuva só ao fim-de-semana, nas tardes de lareira. Por isso, hoje, da minha janela vejo chover, vejo o mundo atarantado a fugir dela, enquanto eu vou passeando por Lisboa na voz de Ana Moura.


quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

País de cigarro livre

Ontem, enquanto pensava ir ao Procópio, só me vinha uma ideia à cabeça: será que lá se pode fumar? Confesso que não imaginava aquele lugar sem as chaminés por cima dos habitués... Na verdade, acho que até perdia um pouco o encanto e o ambiente característico dos charutos, cigarrilhas, cigarros e cachimbos! E não é que se pode mesmo! Há coisas que ainda bem que não mudam... País de cigarro livre, já dizia o Garrett.

(...) No entretanto vamos acender os nossos charutos, e deixemos os precintos aristocráticos da ré: à proa, que é país de cigarro livre.

Não me lembra que lord Byron celebrasse nunca o prazer de fumar a bordo. É notável esquecimento no poeta mais embarcadiço, mais marujo que ainda houve, e que até cantou o enjoo, a mais prosaica e nauseante das misérias da vida! Pois num dia destes, sentir na face e nos cabelos a brisa refrigerante que passou por cima da água, enquanto se aspiram molemente as narcóticas exalações de um bom cigarro da Havana, é uma das poucas coisas sinceramente boas que há neste mundo.

Fumemos!

Aqui está um campino fumando também gravemente o seu cigarro de papel, que me vai emprestar lume.
– «Dou-lho eu, senhor...» acode cortesmente outra figura mui diversa, cujas feições, trajo e modos singularmente contrastam com os do moçárabe ribatejano.
Acenderam-se os charutos, e atentámos mais devagar na companhia em que estávamos.
in Viagens na Minha Terra, Almeida Garrett (1799-1854)

Bloody Mary no Procópio...


O Procópio é um dos meus bares preferidos em Lisboa. Muitas vezes, ao fim da tarde, os jantares são antecedidos por um par de horas ali passadas a beber Bloody Marys! É quase como chegar a casa de um amigo para uma conversa ao pôr-do-sol.O ambiente acolhedor é espaço de tertúlia, mas também de tête à tête. Foi lá que ontem fui acabar a minha tarde. Já não ia ao Procópio há algum tempo, mas tenho sempre a sensação que nunca deixei de lá ir – está sempre tudo na mesma. O piano, as estantes e prateleiras com esculturas, pequenas estátuas e a música maravilhosa! É um sítio onde a conversa não tem prazo para acabar, muitas vezes só somos derrotados pelo João Pestana ou pelo sino da igreja que chama para jantar. Fica a certeza de que volto em breve.



Nota: O Procópio faz-me lembrar uma amiga com quem vou tomar cafés de quinze minutos e que se prolongam por horas. Qualquer dia vamos lá as duas!

domingo, 6 de janeiro de 2008

Os Reis Magos chegaram a Belém...

Os Reis Magos já chegaram a Belém...


Seguiram a estrela mais brilhante e chegaram ao presépio... já os pus mais perto das palhinhas do menino Jesus!

Depois de uma missa matinal, onde fui para ouvir a minha irmã a cantar o Amazing Grace, seguiu-se um almoço de família, porque é sempre bom comer as iguarias da mãe Teresa. À tarde, passeio pelo Museu Berardo, porque sobre arte gosto sempre de aprender com as manas mais novas, uma espreitadela ao concerto de Reis nos Jerónimos, coro de Santa Maria de Belém com a Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigidos por Jorge Matta, e a cereja no topo do bolo, porque ao Domingo não se fazem dietas...


Nota: Dedico esta entrada às minhas irmãs, porque sabe bem passear com elas e recordar outras tantas tardes como estas!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Suddenly I See...

Há poucas coisas que me conseguem pôr bem disposta pela manhã! Além de um pequeno-almoço na cama, com torradas cheias de doce ou manteiga com açúcar, sumo de laranja acabada de espremer e café, acho que só uma boa música me arranca um sorriso e um suspiro de boa disposição. Às vezes, a música só aparece à porta de casa, dentro dos meus ouvidos, a caminho do metro, no meu precioso mp3.

E lá vou eu, quase agente disfarçada, de sobretudo preto, óculos escuros e faces geladas enfiadas num cachecol. E lá vou eu, e só eu, a cantarolar aquelas poesias do meu gadget, passeio fora! Ultimamente, Suddenly I see, condiz com as minhas manhãs. Ao ouvi-la, quase me sinto personagem principal do videoclip! É tão bom ficar bem disposta pela manhã... E quando dou por mim, lá estou eu a sorrir pela rua e a cantarolar...

Para os mal humorados matinais: experimentem!

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

Fim de tarde no Ginjal

Cacilhas - Ginjal (foto de António Melenas)

Ao fim da tarde, do outro lado do Tejo, a cidade de Lisboa vai-se desenhando em sombras e pontos de luz amarelos e encarnados, como um lençol que se abre e se estende à beira-rio. Vai crescendo em pontilhado e nós, ali sentados, a ver o dia desaparecer, adivinhando nas sombras os lugares do lado de lá. O céu alaranjado que nos rodeia vai ficando mais escuro até nascerem no céu as estrelas do Inverno. Devagar, o dia vai dormir e nós com ele deixamo-nos ficar sentados, envoltos na ternura do fim do dia e do ano. Sem pressas, o mundo vai passando como as águas do rio em maré cheia, por entre as ondas onde poisam dois cacilheiros iluminados.