sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008
Bom fim-de-semana
Sermão da sexta-feira
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
Soube-me a amar
Hoje saí para almoçar e não voltei. Desliguei o telemóvel, entrei no carro e pus-me a caminho do mar. Pelo caminho, abri as janelas de par em par e pus a Flauta Mágica a tocar, com o volume no máximo, para que a flauta calasse o burburinho da cidade.
Cheguei ao mar e nele reflectia o imenso sol brilhante. Desci à praia, descalça, como se querem os pés na areia, transformei as minhas calças cigarrilha nuns corsários e lancei-me à beira-mar.
Durante horas, percorri-a para um lado e para o outro, saltitando e fugindo da ondas de maré cheia. Perfeito momento de egoísmo, de encontro do eu com o eu, sem os barulhos do dia, os silêncios da noite e a agitação do pensamento. Só eu. Os pés frios foram ganhando o calor dos passos pequenos, enterrados na areia acabada de molhar e o pouco vento que fazia, foi sendo brisa musical. Ao fundo as rochas, os outros, os surfistas, o mundo... mas ali era só eu. E sabem a imensidão os passeios pelo mar, sabem a poesia e eternidade. E hoje, esta tarde... soube-me a amar.
Nas ondas do mar
Quero ser feliz
Quero me afogar.
Nas ondas da praia
Quem vem me beijar?
Quero a estrela-d'alva
Rainha do mar.
Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.
(Manuel Bandeira)
Cantinho da biblioteca (III)
"Podes dizer-me, por favor, que caminho devo seguir para sair daqui?
-Isso depende muito de para onde queres ir - respondeu o gato.
-Preocupa-me pouco aonde ir - disse Alice.
-Nesse caso, pouco importa o caminho que sigas - replicou o gato."
Lewis Carroll , in Alice no País das Maravilhas
(encontrado aqui)
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Castanhos-leão?
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Devo-te um sorriso
Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
(Eugénio de Andrade)
E sempre que ela canta... eu fico a cantá-la...
Molti mari e fiumi
attraversero
dentro la tua terra
mi ritroverai
turbini e tempeste
io cavalchero
volero tra il fulmini
per averti
Meravigliosa creatura sei sola al mondo
meravigliosa creatura paura di averti accanto
occhi di sole mi bruciano in mezzo al cuore
amore e vita meravigliosa
Luce dei miei occhi
brilla su di me
voglio mille lune
per accarezzarti
pendo dai tuoi sogni
veglio su di te
non svegliarti
non svegliarti
non svegliarti....ancora
Meravigliosa creatura
sei sola al mondo
meravigliosa paura d'averti accanto
occhi di sole mi tremano le parole
amore e vita meravigliosa
Meravigliosa creatura un bacio lento
meravigliosa paura d'averti accanto
all'improvviso tu scendi nel paradiso
muoio d'amore meraviglioso
Meravigliosa creatura
Meravigliosa
occhi di sole mi bruciano in mezzo al cuore
amore e vita meravigliosa
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008
Insignificãncias
Expiação
Recebeu um único Óscar, o merecido, pela banda sonora, a cargo do italiano Dario Marianelli.
Micronarrativa (VIII)
O Beijo, de Constantin Brancusi, em 1910
É em ti que penso quando chega a hora de sonhar e acabo por sonhar connosco. Lembro com a inspiração por entre suspiros, o toque do teu cabelo macio que quando deslizava a meu lado, fazia arrepios. É a tua pele morena que se estrelaça entre os meus sonhos de marés vivas, e os teus olhos azuis que me iluminam o caminho do sonho. Vem ter comigo, mesmo que seja só em pensamento. Abraça-te a mim. Senta-me a teu colo e deixa-nos ser madrugada.
domingo, 24 de fevereiro de 2008
Aos meus amigos
A principio é simples, anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no borborinho
bebe-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo, dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado, que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E é então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se, come-se e alguém nos diz: bom proveito
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso, por curto que seja
apagam-se dúvidas num mar de cerveja
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Enfim duma escolha faz-se um desafio
enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar, sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
E entretanto o tempo fez cinza da brasa
e outra maré cheia virá da maré vazia
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos à memória uma frase batida
hoje é o primeiro dia do resto da tua vida
Voos da terra e do mar...
Sentei na rocha, de cabelo solto e de braço dado com os joelhos, oscilando entre um perder-te e reencontrar-te nas ondas do mar. Dizias-me adeus, entre duas ondas enroladas de um branco-luz. Sei que sorrias, apesar de não ver o teu sorriso, mas imaginava-o. Onda após onda, adivinhava o teu deslizar, a tua dança, para cá e para lá que terminava num deixares-te cair depois de uma onda acabada de desenrolar...
Outras vezes, quem me perdia era eu, por entre pensamentos que nem lembro quais de tão perdida que estava. Foi num desses meus voos de olhar perdido no horizonte, que me apanhaste, quando chegaste num abraço molhado e frio, de um mar que nem num voo aquece. Mas afinal, que quente me soube o teu abraço!
Agora via-te sorrir com uns lábios carnudos por entre a barba escura, salpicada de gotas de sal luzidio. Eu devolvia o sorriso, enquanto aterrava ao teu lado, num regresso à rocha e à terra.
- Voaste muito? - perguntei no sorriso.
- Menos do que hei-de voar contigo!
sábado, 23 de fevereiro de 2008
O que fica do que não ficou
Fica para a próxima...
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008
Bom fim-de-semana...
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008
Pedaço-sorriso
Eu estava só com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.
(Sophia de Mello Breyner Andresen)
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
A pedido de uma família...
Meus lindos olhos, qual pequeno deus
Pois são divinos, de tão belos os teus.
Quem, tos pintou com tal feição
Jamais neles sonhou criar tanta imensidão.
De oiro celeste,
Filhos de uma chama agreste
Astros que alto o céu revestem
E onde a tua história é escrita.
Meus lindos olhos, de lua cheia
Um esquecido do outro, a brilhar p´rá rua inteira.
Quem não conhece o teu triste fado
Não desvenda em teu riso um chorar tão magoado.
Perdões perdidos
Num murmúrio desolado
Quando o réu morava ao lado
Mais cruel não pode ser.
Este fado que aqui canto
Inspirou-se só em ti
Tu que nasces e renasces
Sempre que algo morre em ti
Quem me dera poder cantar
Horas, dias, tão sem fim
Quando pedes só pra mim
Por favor só mais um fado.
Nota: À M. que vai chorar a ouvir isto!
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
Passeio musical por Lisboa
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Sabe bem...
Obrigada por esta música, por esta letra e pelas palavras do teu e-mail, recordações das longas cartas do liceu - porque sabe bem...
Sabe bem voltar-te a ver
Sabe bem quando estás ao meu lado
Quando o tempo me esvazia
Sabe bem o teu abraço fechado
E tudo o que me dás quando és
Guarida junto à tempestade
Os rumos para caminhar
No lado quente da saudade
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Poema de embrulho
Dizem?
Esquecem.
Não dizem?
Disseram.
Fazem?
Fatal.
Não fazem?
Igual.
Porquê
Esperar?
– Tudo é
Sonhar.
Fernando Pessoa
Prémios
Este foi o prémio que o Claras em Castelo deu ao Cais. Marta, muito obrigada.
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Micronarrativa (VII)
Éramos manhã e éramos nós.
Na ponta da ponte junto ao rio, onde o barco nos esperava.
Na outra margem, o ontem a que haviamos de regressar e o pesadelo de sentir sobre nós esse fim.
Éramos manhã e éramos nós mas, para lá da margem de aqui, seremos eu e tu, num mundo onde os nossos pedaços não se poderão entrelaçar.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Bom fim-de-semana...
E amanhã não seremos o que fomos, nem o que somos.
(in Metamorfose de Ovídio)
Deixa-me ler que eu deixo-te dormir
Nota: Para ti, minha querida, deixo este, de quando eu fazia de Egas e tu de Becas, não te deixando dormir.
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
Se eu voar...
Que é voar?
É só subir no ar,
levantar da terra o corpo,os pés?
Isso é que é voar?
Não.
Voar é libertar-me,
é parar no espaço inconsistente
é ser livre,leve,independente
é ter a alma separada de toda a existência
é não viver senão em não-vivência
E isso é voar?
Não.
Voar é humano
é transitório , momentâneo...
Aquele que voa tem de poisar em algum lugar:
isso é partir
e não voltar.
Ana Hatherly
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008
59 segundos de recordações...
I bet we been together for a million years,
And I bet we'll be together for a million more.
Oh, It's like I started breathing on the night we kissed,
And I can't remember what I ever did before.
What would we do baby, Without Us?
What would we do baby, Without Us?
And there ain't no nothing we can't love each other through.
What would we do baby, Without Us?
Sha la la la.
Não fique triste assim...
Sente o céu, repara o mar
Há muito mais pra eu te mostrar
Não chore não, não fique triste assim
Eu te amo tanto que teu pranto
Fez-se canto pra mim
Sorria por favor, tenha esperança
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
O que é um miminho?
- Miminho? É dar beijinhos apertados, abracinhos sem magoar, dar a mão, fazer olhinhos, sorrisos, fazer massagens… ser um anjinho... Ah, e dar festinhas na barriga!
Nota: Dedicado à Cleo. Que merece muitas festinhas na barriga, massagens nas costas e um anjo da guarda para cuidar da sua diabinha!
Dueto entre o céu e a terra
The tables are empty, the dance floor's deserted.
You play the same love song - it's the 10th time you've heard it.
That's the beginning, just one of the clues.
You've had your first lesson in learnin' the blues.
The cigarettes you light, one after another,
Won't help you forget her, and the way that you love her.
You're only burnin' a torch you can't lose.
But you're on the right track for learnin' the blues.
When you're at home alone,
The blues will taunt you constantly.
When you're out in a crowd,
The blues will haunt your memory.
The nights when you don't sleep, the whole night you're crying.
But you can't forget her, soon you even stop trying.
You'll walk that floor and wear out your shoes.
When you feel your heart break, you're learnin' the blues.
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008
Como dar um abraço?
O mais comum é abrirem a minha página para saberem como se criam codornizes - lamento não poder ajudar, mas não percebo muito de aves. Tente aqui, pode ser que ajude. Depois de as criar pode apareça que eu ensino a cozinhar, combinado?
Outros (este/a vem muitas vezes), para roubar poemas à madrinha. Vês Madrinha? Obrigada por trazeres tantos curiosos ao meu Cais. Mas não me lembro de te ter escrito poemas, cartas algumas, mas poemas ainda não. Serás tua a pedi-los?
Quem veio para encontrar o perfume da bela adormecida, deve ter ficado desiludido... Talvez aqui haja a solução.
Para ler cartas de saudade, veio mais ou menos ao síto certo. Costumo perder-me em recordações, muitas vezes em narrativas, não em cartas, mas pelo menos um dos requisitos ficou satisfeito: matou a saudade?
Esta então nem compreendo! Abrir o meu blogue para encontrar um tal de Mirinho Salgueiro, lamento, mas desconheço. Devia?
Remédios vazios? Prometo passar a guardar as caixas dos meus comprimidos. Alguma preferência pelo medicamento? Depois mando por correio!
Receitas de azevias... não sou a melhor ajuda, nunca as consegui fazer! Não atino com a massa e acabo por comer o recheio às colheres! Talvez no próximo Natal.
Por último, mas a mais importante, há alguém que eu não posso deixar de ajudar: Como dar um abraço?
Faça o seguinte: abra os seus braços e receba no seu corpo a pessoa que deseja abraçar e envolva-os no corpo dela. Aperte no pescoço (não o pescoço), nas costas e/ou na cintura. Não com muita força, para não a magoar, mas com a intensidade que desejar. Fica ao seu critério! Depois é ficar assim, perdido num abraço, o tempo que quiser (pode ver pela imagem). Feche os olhos e deixe-se abraçar também.
Se for um abraço romântico até pode levantar, levemente, o abraçado no ar. Se for um amigo que não vê há muito tempo, pode dar uma palmadinha nas costas ou prolongar o abraço. Faça o que sentir!
Espero que tenha sido útil. E que dê muitos abraços, quando experimentar vai gostar! Para sim, um abraço!
"Recordar um abraço não é pensar no que o motivou, mas ser abraçado nele mais uma vez"
(Pedro Cordeiro)
Parabéns miúda!
Lembrei-me dela para a dedicar a uma amiga que também faz anos hoje, infinitamente menos do que os da Simone, porque ainda é uma miúda. É menina de olhar atento, sorriso brilhante e palavras de magia. Nas nossas amizades dos dias, descobrimos os segredos uma da outra sem ser preciso dizer, porque nos olhares e gestos se adivinham. Dizes que já me vais conhecendo e mesmo assim ainda és minha amiga, apesar das mil imperfeições. Fazes-me rir, mesmo nos dias tristes e adivinhas os 'meus azuis' por dentro do azul dos meus olhos. E eu a achar que era boa actriz! No nosso caminho, saltamos as pedras e os muros e quando eu não tenho coragem lá me dizes - Não tenhas medo, tu consegues! E consigo! Os amigos são a nossa coragem nos dias mais escuros, são a nossa força para voar. Obrigada pela tua amizade! Um grande beijinho por hoje!
Eu também...
Se me interrogarem
- Como estás?
explico que não estou redondo nem quadrado. Neste momento acho-me mais uma espécie de losango.
- Estou losango
quem interroga a olhar para mim sem entender:
- Losango?
e eu
- Sim, losango, nunca te sentiste losango?
Nunca se devem ter sentido losangos. Há alturas em que me acontece pensar que as pessoas são esquisitas mas deve ser problema meu. Aposto o que quiserem que é problema meu.
António Lobo Antunes, in Visão
sábado, 9 de fevereiro de 2008
Bom fim-de-semana
As 12 palavras...
mar
horizonte
poema
onda
íntimo
abraço
desejo
silêncio
solidão
malabarista
amante
pairar
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
Palavras de poeta
Las Palabras
...Todo lo que usted quiera, sí señor, pero son las palabras las que cantan, las que suben y bajan.
Me posterno ante ellas... Las amo, las adhiero, las persigo, las muerdo, las derrito... Amo todas las palabras. Las inesperadas... Las que glotonamente se esperan, se escuchan, hasta que de pronto caen...
Vocablos amados. Brillan como piedras de colores, saltan como platinados peces, son espuma, hilo, metal, rocío... Persigo algunas palabras...
Son tan hermosas que las quiero poner en mi poema. Las agarro al vuelo cuando van zumbando, y las atrapo, las limpio, las pelo, me preparo frente al plato, las siento cristalinas, ebúrneas, vegetales, aceitosas, como frutas, como algas, como ágatas, como aceitunas... Y entonces, las revuelvo, las agito, me las bebo, las trituro, las libero, las emperejilo...
Las dejo como estalactitas en mi poema, como pedacitos de madera bruñida, como carbón, como restos de naufragio, regalos de la ola.
Todo está en la palabra. Una idea entera se cambia porque una palabra se trasladó de sitio, o porque otra se colocó dentro de una frase que no la esperaba...
Tienen sombra, transparencia, peso, plumas. Tienen todo lo que se les fue agregando de tanto rodar por el río, de tanto trasmigrar de patria, de tanto ser raíces... Son antiquísimas y recientísimas. Viven en el féretro escondido y en la flor apenas comenzada...
Qué buen idioma el mío, qué buena lengua heredamos de los conquistadores torvos. Estos andaban a zancadas por las tremendas cordilleras, por las Américas encrespadas, buscando patatas, tabaco negro, oro, maíz con un apetito voraz.
Todo se lo tragaban, con religiones, pirámides, tribus, idolatrías... Pero a los conquistadores se les caían de las botas, de las barbas, de los yelmos, como piedrecitas, las palabras luminosas que se quedaron aquí, resplandecientes... el idioma. Salimos perdiendo... salimos ganando. Se llevaron el oro y nos dejaron el oro. Se llevaron mucho y nos dejaron mucho...
Nos dejaron las palabras.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008
Memórias felizes...
Às vezes, quando nos vejo em fotografias ainda sinto o calor do nosso trio de sorrisos. Sempre de igual, de vestidos, saias de pregas, camisas de dormir e roupões e aquele gancho a prender o cabelo. Sempre fizemos duplas de amizade, à vez... eu era quem ficava mais vezes de fora. Concorrer com aquela união uterina era quase impossível. Muitas vezes quis um irmão para o desempate, mas ele nunca chegou. Crescemos tanto que hoje são as duas mais altas do que eu, mas continuamos a fazer pares de amizade muitas vezes, outras já fazemos trios. É a vantagem de se crescer.
É por recordar essa infância que ponho a cena de um filme que tantas vezes dançámos e cantámos e que me traz tantas saudades. Porque ontem almoçámos as três e sabe muito bem voltar aos sítios onde fomos felizes juntas.
Da salsa ao merengue...
The Hours in 9 minutes
Dear Leonard. To look life in the face, always, to look life in the face and to know it for what it is. At last to know it, to love it for what it is, and then, to put it away. Leonard, always the years between us, always the years. Always the love. Always the hours.
Momentos perfeitos
('Viajante junto ao mar de neblina' (1818), por Caspar David Friedrich/ fotografia de PC)
É a beleza do simples...
Saio pela manhã ainda enevoada, faço o meu caminho habitual, como se pairasse sobre o mundo sem realmente existir, sem ver, sem sentir e, no ar, passam bolas de sabão nascidas do sopro de uma criança... é a beleza do simples. Já no metro, perdida entre atropelos matinais de quem não ouve o mundo, um livro e um poema sobre bolas de sabão... é o prazer de uma coincidência.
As bolas de sabão que esta criança
Se entretém a largar de uma palhinha
São translucidamente uma filosofia toda.
Claras, inúteis e passageiras como a Natureza,
Amigas dos olhos como as cousas,
São aquilo que são
Com uma precisão redondinha e aérea,
E ninguém, nem mesmo a criança que as deixa,
Pretende que elas são mais do que parecem ser.
Algumas mal se vêem no ar lúcido.
São como a brisa que passa e mal toca nas flores
E que só sabemos que passa
Porque qualquer cousa se aligeira em nós
E aceita tudo mais nitidamente.
(Alberto Caeiro)
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Noite de regresso...
Micro-narrativa (VI)
- Promete-me que para a próxima vais ficar para amanhã!
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008
Volto já...
- uma música para dançar...
(Amy Winehouse - Tears Dry on Their Own)
um poema para recitar...
Eu quero amar, Amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui...além...
Mais Este e Aquele o outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não amar ninguém!
Recordar? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
durante a vida inteira é porque mente!
Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder...Pra me encontrar...
("Amar" - Florbela Espanca in Amor é Poesia)
Cantinho da biblioteca (III)
Richard Wagner - Tristan und Isolde
dirigido por Georg Solti (21 October 1912 – 5 September 1997)