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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Voos da terra e do mar...

Dizias-me que voltaste ao surf porque tinhas saudades de voar nas ondas. E eu, que tenho medo desses voos, fui ver os teus. Ainda me tentaste levar contigo, mas eu preferi ficar a voar ao vento, no cimo da rocha, que em tempos me pareceu demasiado alta. Fui ver-te ao mar que desde sempre me abraçou e que a ti não te abraçava há muito. Tens saudades, não tens?

Sentei na rocha, de cabelo solto e de braço dado com os joelhos, oscilando entre um perder-te e reencontrar-te nas ondas do mar. Dizias-me adeus, entre duas ondas enroladas de um branco-luz. Sei que sorrias, apesar de não ver o teu sorriso, mas imaginava-o. Onda após onda, adivinhava o teu deslizar, a tua dança, para cá e para lá que terminava num deixares-te cair depois de uma onda acabada de desenrolar...

Outras vezes, quem me perdia era eu, por entre pensamentos que nem lembro quais de tão perdida que estava. Foi num desses meus voos de olhar perdido no horizonte, que me apanhaste, quando chegaste num abraço molhado e frio, de um mar que nem num voo aquece. Mas afinal, que quente me soube o teu abraço!

Agora via-te sorrir com uns lábios carnudos por entre a barba escura, salpicada de gotas de sal luzidio. Eu devolvia o sorriso, enquanto aterrava ao teu lado, num regresso à rocha e à terra.


- Voaste muito? - perguntei no sorriso.

- Menos do que hei-de voar contigo!

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Mini-narrativa (I)


Longa a noite de solidão, entrecruzada por cigarros apagados num cinzeiro azul.
Medo da doçura de um beijo que não chega ainda aos braços dos amantes, hoje dispersos...
- Amas-me?
- Quem? A ti?
- Não sei... a nós.
- ...
Quero-te inteiro em mim!, mas esta noite apenas resta o desejo, mais quente do que a vontade e a esperança de que chegues devagar, sem fazer barulho, para pentear os meus cabelos com teus dedos morenos, desenhar o meu corpo com as tuas mãos grandes e deitar-te a meu lado. Deixo a luz acesa, para o caso de te perderes... apaga-a quando entrares nos meus lençóis e acende a luz da paixão, que os nossos corpos faiscam ao se entrelaçar.