A nossa casa, Amor, a nossa casa!, é um poema de Florbela Espanca que tem servido de mote a muitas conversas e a alguns poemas. Hoje, dá início a uma Micro-Narrativa que foi comentário aqui.
A nossa casa, Amor, pode ser numa árvore, pode ser à beira-mar, pode ser num barco em alto mar. Mas a morada do Amor é sempre um coração apaixonado! É o teu dentro que só eu conheço, é o suspiro do desejo que desenha os alicerces e cria raíz. A nossa casa, Amor, é feita dos braços e dos abraços dos nossos corpos, entrelaçados em telhado, protegendo das intempéries que possam vir. Abraça mais, para a chuva não entrar; abraça mais, para o vento não deitar nada abaixo! A nossa casa, Amor, somos nós, construída pelas chamas do Amor entre dois sopros do respirar.
4 comentários:
Lindo! tão lindo!
e o meu comentário tão piroso, mas que hei-de fazer, acho-o mesmo lindo
Para mim, costuma ser uma casinha no cosmos, só minha, só dele, só nossa.
Qual piroso, qual quê? Uma casinha no cosmos? Dessa não me tinha lembrado eu... Tal como o poema do David que puseste este da Florbela é-me muito especial... qualquer dia faço uma antologia dos meus poemas especiais... deve dar mais ou menos uma 'Rosa do Mundo'... ;)
beijinhos
A nossa casa
A nossa casa, Amor, é onde a pele
fizer menos atrito com a textura
das paredes. Construí-la não dura
mais que erguer um cavalo de papel.
A nossa casa, Amor, não se procura.
Se morre, ressuscita num pincel
ou num lápis. Se vive, é carne e mel,
é vinho ou fumo estranho que no cora-
-ção larga sementes de girassol.
A nossa casa, Amor, fica no centro
de um Generalife de loucura
que às vezes quer ser Torre de Babel
e onde valsas descalça, em si bemol,
quando em silêncio em nossa casa entro.
Lisboa, Novembro 2007/Janeiro 2008
A nossa casa, amor, é:
um palácio encavalitado
num tronco de árvore
um tesouro escondido
na gruta
perdida nas rochas do mar
um cometa
saltitando de estrela em estrela
uma cabana
com uma porta, duas janelas
e o mundo todo à nossa frente!
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