quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Micronarrativa (IV)


Saudade de um beijo e do desejo de um beijo. Saudades de ti e do teu corpo envolto no meu. Braços grandes e quentes, concha onde durmo, cabelos enredados nos meus, compridos de sereia azul, filha da maresia e da manhã quando acordas ao meu lado. Doce abraço, o teu, no meu, anjo caído em brancos lençóis onde o amor acorda e sussurra:
- Saudade.



(Mafalda Arnauth - Talvez se chame saudade)

Este doce recordar
Que amargamente me invade
Talvez que não tenha nome
Talvez se chame saudade.

12 comentários:

Maria del Sol disse...

Parece que a nostalgia aterrou em Lisboa hoje de manhã e veio para ficar. Será que é deste solzinho tímido, a lembrar alegrias passadas? ;)

Huckleberry Friend disse...

Os lampejos invernis do solecito avergonzado têm o efeito do pastel de Nata que o emigrante tuga descobre numa pastelaria das banlieues de Paris, ou da Super Bock que um dia bebi em Jerez de la Frontera. Enganam, mas consolam. Ou vice-versa?

Dito isto, não quero desmerecer o copioso sol que me bateu na cara esta tarde, durante um almoço à beira-mar. Não sei se cheguei a passar pelas brasas, mas é possível, porque havia Quinta do Cabriz tinto e porque não me lembro de ter chegado a mergulhar nas ondas da Praia da Torre, como fizeram três tipos em cuecas, brandindo uma bandeira azul com uma pantera branca (seita?).

O que posso dizer com certeza quase total é que ao debruçar-me da varanda onde decorria o repasto, para inalar refrescante maresia e contemplar o areal, me deparei com uma palavra escrita na areia: saudade. Sorri um sorriso que já sorrira. É, para alguns, a sexta mais bonita do mundo. Para mim, hoje, é a primeira. Graças ao tintol, mas sobretudo aos braços que o barco que sou sente abrirem-se, amiúde, neste cais. Um beijo, Sofia.

Anónimo disse...

Que coisa bonita, afilhados!
Assim é que eu gosto...

Anónimo disse...

Vou lá almoçar de hoje a oito dias.
Combinei ontem

Há já um tempo que me não lembrava de ouvir a Mafalda

Obrigado por me teres relembrado

embora não fosse para mim (sorriso)

Gosto muito deste cais, e do codornizes, claro.

Unknown disse...

Olá querida,
Sabe que este micro-conto me bateu as idéias da madrugada?
Tenho muita saudades do futuro papai de minhas filhas, meu querido amigo e amante que encontra-se em outro estado. Taí meu segredo virtual. E me veio a vontade de desabafar e despejar no mar um pouquinho desta minha saudade...
Obrigada e um beijo.

Sofia K. disse...

Pois é Maria del Sol, parece que sim... por isso achei engraçada a tua entrada de ontem! Ai o solzinho estava muito bom... até tomei café na esplanada! Comigo é assim, aproveito cada raio de sol!

Sofia K. disse...

Mas que beleza de comentário, Huck! Estou a ver que na linha se trabalha bastante! Almoços desses não tenho eu! E a partir de terça vou deixar de os poder ter... ;(

Esta imagem da saudade foi mesmo posta a pensar em ti! Já a conhecias, parece-me!

Beijinhos

Sofia K. disse...

Olha a madrinha babada! É bonito... E gostas tu e gostamos nós! ;)

beijinhos

Sofia K. disse...

Marta, que sorte a do almoço! Já não vou lá há séculos! Tenho parado mais à frente... lá para o Estoril e Cascais, sabe onde é? É longe, Cascais, não sei se sabe onde é?

A Mafalda é uma fadista de quem gosto, mas que anda sempre um pouco escondida! Mas esta música encanta-me... Também gostei da voz da minha alma!

Mas sabes que esta Micronarrativa não era nem para ninguém, nem sobre ninguém... LOL... mas já que nos identificam ainda bem! Melhor assim!

beijinhos

Sofia K. disse...

OH Sammia tadinha... a saudade quando bate, bate forte! Sabes, conto-te também uma coisa - esta imagem da saudade mandei para o Codornizes quando ele estava nos Estados Unidos e eu cá! Foi também a saudade que me fez começar nestas andanças dos blogues... beijinhos especiais

Mad disse...

É só amôri por estas praias campestres! Assim é que eu (tb) gosto. Bjs aos 2.

Sofia K. disse...

Gostamos todos, não é verdade? Agora até parecias a madrinha a falar... ias gostar de a conhecer!

beijinhos