quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

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Esta invernil primavera sabe bem. O fim-de-semana de acordar tarde e ver que o sol ainda lá está, sentir o cheiro da manhã. Ler na cama, enrolada entre cobertores e senti-lo entrar pela janela, esperando pelo meu definitivo acordar. Dizer bom dia ao mundo para lá da minha janela do alto.

Mas hoje, da minha janela vejo a rua, a cidade, a linha de um eléctrico que já não passa e sinto saudade desse campo tão perto e tão distante. Do cheiro da relva acabada de cortar, da terra molhada e das gotas de orvalho que nunca chego a ver. Do canto das cigarras e dos grilos, dos caminhos sem fim para lá dos montes. Um pôr do sol no pomar, sentada a ver o dia ir dormir e deixar-me levar de mão dada pelos campos de azedas, correr até mais não e deixar-me cair no fim, em frente a uma lareira quente e viva de um fogo que arde como o amor, de uma música que canta atrás de mim aquilo que não sei dizer, que não sei como, a não ser em beijos e esboços dos nossos corpos enredados. De esperar a noite escura e a brisa do fim do lume que se apaga num sopro de paixão de mais um dia que passou.

2 comentários:

Huckleberry Friend disse...

As lareiras ardem até ao fim

Na cinza de uma lareira
Dorme a labareda fria
Arde à nossa revelia
Mas queima da mesma maneira

Quando uma lareira se apaga
É morte de pouca dura
Renasce a lenha em lonjura
Mal a Fénix sai voando

Se uma lareira te afaga
É porque alguém está chamando

Sofia K. disse...

Como tu me percebes...
belo poema.
beijinhos