quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Um cheirinho da minha ilha

O meu Baleal, a minha ilha, onde o Inverno passa o Verão e que o sol visita em dias invernosos de Janeiro, fica na zona Oeste de Portugal, perto da pêra-rocha do Bombarral, da ginjinha de Óbidos, dos dinossauros da Lourinhã, das compotas do Toxofal e das rendilheiras de Peniche, dos burros de Ferrel, das conquilhas da Foz, do castelo da Atouguia e das trouxas de ovos das Caldas.

Ali, no meu paraíso, passamos o Verão, mas a praia é mais nossa no Inverno, no mar revolto e na areia varrida pelo vento, nas rochas, escarpas que o mar doira com a sua espuma. Gosto de o ver no Inverno, de chegar pela manhã ou pela tarde, à paz do mundo em rebuliço, magia de uma solidão tão bem acompanhada. De ficar a dormir nas noites em que o frio não acaba e a madrugada amanhece distorcida, sem se ver o mar. Mais perto ele é branco, ele é verde, azul ou algas. Mas é meu.

O sol, esse, põe-se ao largo da Berlenga e vemo-lo poisar, no mar ou na ilha, os seus últimos raios. Magia sem fim, essa ilha de amantes e de amores, primeiros ou segundos, ou terceiros, sempre ilha de amores. Magia do nevoeiro matinal de um dia de Agosto, de um dia outonal, como se alguém fosse chegar. Tarde de pescadores da praia dos seus barcos, esperando que peixe fresco chegue à lota à beira-mar, perceves e bom peixe da ilha, da entre ela e a das Pombas, sempre coberta de gaivotas! Ao largo, outra ilha, a das Cebolas, que da árdua subida, recompensa a alegria com a ilha deserta que o mar eterno e infinito rodeia, a ver surfistas controlar o mar, de pé ou em pino, fazendo de bailarinos das ondas. Praia, duas, com areais imensos... caminhantes, piqueniques, passeios longos, areal imenso esperando as nossas pegadas, impressões do corpo nesse espaço tão nosso. Ir até lá longe, onde ninguém vê, onde as gaivotas passeiam a nossos pés e as ondas são mais puras e brancas, onde o mar é mais entusiasta a beijar os nossos pés, já cansados de calquinhar o passeio do mar! Pescadores de cana, vultos no horizonte, que aos poucos se assilhuetam ao nosso olhar, tão perdido em maravilhas!

Baleal, a minha praia, a nossa praia, onde um dia o sol de Verão apareceu ao Agosto e depediu-se dele com um raio verde - magia de um olhar e de um amor que só poderia ter nascido ali! Baleal é meu, é nosso, o Baleal.

P.S. Um cheirinho da magia desta ilha que é nossa, um bocadinho de cada um. Aos marinehiros do Cais que por lá aportam, para lembrar o friozinho que por lá se sente e do qual, faça chuva ou faça sol, temos sempre saudade!


(Nota: as fotografias foram tiradas pelo Codorniz e por mim)

14 comentários:

Anónimo disse...

Mesmo que a ilha não fosse tua (que é!), já a merecias. E ela a ti. Às vezes acho que foi só a partir daquele raio que fiquei com os olhos verdes.

ana v. disse...

Ah, os mistérios do Baleal... há um sortilégio qualquer naquela ilha, disso não tenho dúvidas. Não sei se muda a cor dos olhos, mas os raios do sol do Baleal são sempre setas de Cupido!

Anónimo disse...

Bonito o que escreveste, Sofia. O Baleal é teu, e tu és do Baleal.

Sofia K. disse...

Pedro... tão querido... não tenho mais palavras!Beijinhos especiais para ti

Ana, de passeio por aqui? LOL
Pois é esses raios de sol fazem milagres e às vezes, ao pôr-do-sol, entre as nuvens, ele parece ser uma aparição!

Madrinha, minha querida, obrigada pelos elogios... O que escrevi é sentido, bonito não sei...

beijinhos às duas

Mad disse...

E assim se passa a coroa que me emprestaram um dia.

Adeus, ó glória vã de efémeros reinados! E salvé, nova Rainha da Ilha Encantada, tens mar nas veias e algas por cabelos!

Anónimo disse...

Que belo apontamento para uma 5ª feira à noite que nos deixa antever mais um belo fim-de-semana ou não fosse ele passado no Baleal. Tão teu, tão meu e de tantos outros, antes e depois de nós, mas mesmo assim tão surpreendente a cada dia que passa. Sexta feira é o meu dia mais meticulosamente programado ou não fosse objectivo último ver o sol a desaparecer, algures entre Peniche e a Barlenga... Hummm que cheirinho bom.
Até amanhã então sobrinha

Mário disse...

Cais

Se é nas amarras do cais
Que os navios se renovam
Se seguram, se comprovam
E se fortalecem mais

Se é nas âncoras de ferro
Que as gaivotas adormecem
E em pios de mar padecem
Antes de voar p´ra o desterro

Se é no mastro do navio
Que o cordame chora e geme
Com pena de não ser leme
Mas apenas mar sombrio

É nos teus braços, Amor
Que me sinto em porto abrigo
Braço farol, braço amigo
Que me descansam a dor

Mário Pipopó

Sofia K. disse...

Mad. adorei, adorei e adorei! És uma querida. Agradeço a coroa e tomo as rochas como trono! Muitos, muitos beijinhos

Minha tia querida e não sabia eu que te inspiravas assim, deve ser de passares tanto tempo na minha ilha... Beijinhos e obrigada por teres vindo aqui ao meu cais... um dia destes vou lá comer perceves e camarões a tua casa, pode ser?

Mário Pipopó andamos muito poetas, estou a ver... e ainda por cima sobre cais e amarras e portos de abrigo... obrigada

M. disse...

aos sete conheci uma menina.muito diferente de mim, muito diferente das meninas que conhecia.loirinha,olhos claros, respostas certeiras e sorriso matreiro. julgo que a na nossa primeira conversa,nas primeiras palavras que trocámos, ela falou-me do baleal e os olhos brilharam muito. não conhecia o siítio,nem de nome,e na inocência muito certa dos 7 anos sabia que para os olhos dela brilharem tanto só podia ser um sítio mágico,e quase que acreditava que era o reino dela.confesso que ainda hesitei a pensar se o tal sítio teria baleias e só meninas loiras e de olhos claros e pele clara como ela.
"mãe fiz uma amiga hoje. é nova na escola, chama-se sofia e é do balinhal ou balial ou balalal,nao sei,mas gosto dela e tem um nome esquisito parecido com chocapic"
o baleal és tu.porque ha-de ser sempre a ti que associo.logo és o mar, a areia e o sal na pele. vais ser sempre a menina de kilt que veio do baleal e cantava comigo as musicas da felicidade.

Sofia K. disse...

Vou chorar m.! E tinhas de partilhar com estes marinheiros que eu andava semppre de kilt? Só faltava falares do gancho na cabeça, nos sapatinhos todos bonitos e que ainda havia mais duas iguais a mim... as minhas manas gémeas! Bonito, é bom saber que temos amigos assim... que se lembram de nós com carinho... eu disse logo à minha mãe que já tinha uma melhor amiga no primeiro dia... eras tu! Desculpa é ter ficado com alguns dos rapazes de quem gostavas e que te deixavam as pernas a tremer com as bicicletas verdes! É bom recordar... tens de ir ao meu Baleal!

beijinhos

Anónimo disse...

Nunca fui ao Baleal, mas este texto ta mto bom.. e do q ja ouvi as pessoas de la a falar, deve valer bem a pena..

bjs
Pipos

Sofia K. disse...

Olá Pipos, bem-vindo a este cais, espero que me venhas visitar mais vezes! E tens de ir conhecer o Baleal... é lindo! E agora no Outono o mar é mais revolto e quando bate na rocha... não há como explicar! beijinhos

Anónimo disse...

A explicação dão-na os pescadores desde há séculos. Ora permita-me: Quanto o mar bate na rocha, quem se lixa é o mexilhão!

Anónimo disse...

baleal....sempre la do melhor mesmo...quem não conhece não sabe o que perde!!!!!