Faz hoje um ano que dissémos o último adeus àquele que foi, antes de tudo, um professor e um mestre para todos. Além das suas aulas e dos seus alunos, para cada momento, havia sempre uma história de Portugal, um pormenor do mundo, o nosso peso em cada planeta do Universo. Depois, foi pai, mas, mais que tudo, avô - o melhor do mundo. Lembro-nos a correr pela Barata Salgueiro, com o sorriso que só um avô pode ter. Para nós, era sempre o que quiséssemos, mesmo que isso significasse tudo... Corríamos juntos em pequenos e, quando crescemos, todos, continuámos a caminhar lado a lado. Hoje, um ano passado, lembramos com saudade, mas com lembranças felizes, um avô e de um professor que não vamos esquecer.
Para lembrar, uma música que lhe dedicámos, na voz da neta mais 'maluca' de todas, a Ana.
Para lembrar, uma música que lhe dedicámos, na voz da neta mais 'maluca' de todas, a Ana.
Quando Deus te desenhou ele tava namorando
Na beira do mar
Na beira do mar do amor
(...)
Papai do céu na hora de fazer você
Ele deve ter caprichado pra valer
Botou muita pureza no seu coração
e a sua humildade fez chamar minha atenção
tirou a sua voz do própolis do mel
e o teu sorriso lindo de algum lugar do céu
e o resto deve ser beleza exterior
mas o que tem por dentro para mim tem mais valor
16 comentários:
Que saudades do avô! Habituei-me a falar dele assim nos últimos quatro anos, embora tivesse tardado em chamar-lho directamente. Acho que ele gostava. Eu, pelo menos, sentia-o como tal, por via da mais velha das três netas que ele tanto adorava (às três com igual intensidade, mas apreciando cada uma pelo que era). E quem lhes poderia resistir?
Foi um avô breve para mim, que há mais de 20 anos perdi os avôs com que nasci. Mas marcou-me. Não esquecerei os 'R' carregados, o sentido de humor permanente, a paixão por ensinar, o gosto pelas novelas brasileiras ou pelas suas esculturais protagonistas (sem deixar as netas verem as cenas mais ousadas), as noites que acabávamos no Galeto, os jantares no Largo Hintze Ribeiro.
Dragomir Knapic acolheu-me na sua família. Foi daquelas pessoas de quem é bom ser amigo e de quem as diferenças nos aproximam. Homem de outro tempo, octogenário e conservador, sabia aceitar as formas que os casais hoje escolhem para organizar a sua vida. Só queria as netas felizes e, se possível, que lhe dessem bisnetos. Há-de tê-los e o facto de isso poder passar por mim é uma honra.
Para terminar, e enquanto ouço a linda voz da Ana, deixo dois apontamentos (este e este) que encontrei na blogosfera. Um abraço, avô Mirinho!
Que bonito Pedro! Nunca melhor dito... Obrigada
beijinho grande
Que família espantosa! E que bonita homenagem, Sofia. Um beijinho.
deixaste-me emocionada sofia. e pedro. consegui sentir um bocadinho da essencia do Senhor Amigo da Paz(acho que era isto)
muito bonito.e parabens a ana que foi a 1�x que a ouvi cantar e gostei bastante..
eles,pais a dobrar,ficam sempre connosco. e a nossa heran�a.o nosso enchoval:)
beijo grande*
Mad, obrigada, o meu avô era uma pessoa muito especial para mim, não pude deixar de o homenagear aqui.
M. por onde tens andado, miúda? Temos sentido a tua falta!
Pois é, Dragomir significa Amigo da Paz em esloveno! E olha que o nome condizia! Um amor, um paz... Acreditas que ele descia connosco a correr a Rua do Arco, depois do jantar? Não sei como nunca caímos! Era tão divertido! Tenho muitas saudades dele, mas sei que está algures a olhar por nós!
beijinhos às duas e ao Pedro, que soube homenagear o avô de uma maneira muito bonita!
Se é a pessoa que penso (com esse nome e falando com os "rr" carregados só pode ser), tive-o como professor há muitos anos no Instituto Comercial de Lisboa.
Bom professor. Ainda hoje guardo dele umas sebentas de Geografia e de um semestre de Meteorogia.
Sabia desenhar de cor a costa de Angola. Contava histórias incríveis da fome em Cabo Verde (uma telha por uma bolacha), etc. etc. Deixou marcar.
Saudades.
A. Matos Rodrigues
Professor Knapic... Muitas recordações... muitas saudades
Muitas mesmo! Obrigada pelos comentários!
Tive a honra de ser aluno de Geografia do Prof. Dragomir Knapic no Instituto Comercial de Lisboa, quando preparava a minha entrada na Universidade. Nunca faltei a qualquer aula sua, pois nunca quis perder nem os seus ensinamentos, nem o gozo da maneira superior como os transmitia. Ainda hoje não resisto a comprar um dos seus livros, quando o vejo numa livraria, que de seguida leio com o mesmo entusiamo da minha juventude! Recordo que há poucos anos atrás, no meio de uma conversa com amigos que ignoravam o termo "esteatopigia" decidi telefonar-lhe. Era já bem noite, e falámos em alta voz, para todos ouvirem. Foi enorme o meu prazer ao ouvir o meu antigo professor, não só a explicar-me e aos meus amigos, com a mesmíssima clareza de antigamente, o que que esteatopigia queria dizer, mas sobretudo ver que ele se recordava de mim, ainda por cima "como um bom aluno que eu tive". Ele era assim e nós não esquecemos. Fiquei triste por ter (e só agora) sabido do seu desaparecimento. Adeus, Professor! Era de professores assim que eu desejei sempre para os meus filhos e agora para os meus netos. Eu sabia da sorte que tinha tido, pois vi como este Professor soube tornar atraente uma matéria que até nem era da especialização que eu já havia escolhido (Finanças e Fiscalidade).
Desculpem o abuso, mas é mais forte que eu. Fui seu aluno há uns valentes anos e, ainda hoje, me lembro de como ele nos facilitava a vida com o rigor das suas aulas ao recitar-nos os textos que lhe eram espontâneos e que "nos matávamos" por que a nossa escrita acompanhasse a rapidez da sua boa. Ainda hoje os consulto e são uma referência nacional a quem se se prepara para o Exame de Guia-Intérprete Nacional ou, simplesmente, se interesse por história e geografia de Portugal. Cada vez que isto é lembrado entre ex alunos, questionamo-nos como é que aqueles "ponto final"; "ponto e virgula"; "dois pontos, abrir aspas, travessão" e "parágrafo" não alteravam coisa alguma, independentemente do ano em que fossem anotados. Certamente estará num bom lugar neste momento.
Peço desculpa por me intrometer mas não posso deixar de comentar esta fantástica homenagem a um homem que marcou toda a gente com quem a sua vida se cruzou.
Fui aluna do professor Knapic e relembro com ternura o seu olhar terno e a forma como os seus olhos se iluminavam quando contava as 1001 histórias que conhecia sobre cada um dos monumentos. E a forma como desenhava?! Graças a ele não consigo ficar indiferente a nenhum edifício emblemático do nosso país.
Obrigada por ter feito parte da minha vida e por me ter ensinado tanto. É das melhores recordações que tenho dos tempos de faculdade. E acho que posso falar por quase todos os seus alunos... Saudades.
Grande professorr. Amava as aulas dele. Nunca Nunca faltei!!!
Obrigada por todas as palavras simpáticas.
:-)
Marcou-nos a todos. Pessoa e Professor Inesquecível!!
Um professor brilhante. Sabia de tudo um poco (muito). Sempre o achei um géniozinho e ainda hoje, passados mais de 20 anos, consulto os apontamentos do professor Knapic.
Hoje, por acaso, descobri este blogue, quando estava da página do FB dos "antigos alunos do ICL". Num livro de curso estava lá a imagem do mais querido e melhor professor que tive na vida. Estive a fazer o elogio que ele tanto merecia, diga-se de passagem que foi o único que enalteci. Depois vim procurar por ele no Google e encontrei este lindo postal. Não podia deixar de deixar aqui a minha homenagem ao mais íntegro ser que conheci. Bem-Haja PROFESSOR por ter existido e deixado uma família tão linda. Ele que tanto trabalhou para a manter. Foi um exemplo para todos nós que já não somos crianças. Isto passou-se na década de 60 e, ainda hoje o recordo com muita saudade, mais os seus "terraços", que alguns confundiam como TRRRAços. Espero que já lhe tenham dado bisnetos...
Gisela
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