sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Sermão da sexta-feira

Questão é curiosa nesta Filosofia, qual seja mais precioso e de maiores quilates: se o primeiro amor, ou o segundo? Ao primeiro ninguém pode negar que é o primogénito do coração, o morgado dos afectos, a flor do desejo, e as primícias da vontade. Contudo, eu reconheço grandes vantagens no amor segundo. O primeiro é bisonho, o segundo é experimentado; o primeiro é aprendiz, o segundo é mestre: o primeiro pode ser ímpeto, o segundo não pode ser senão amor. Enfim, o segundo amor, porque é segundo, é confirmação e ratificação do primeiro, e por isso não simples amor, senão duplicado, e amor sobre amor. É verdade que o primeiro amor é o primogénito do coração; porém a vontade sempre livre não tem os seus bens vinculados. Seja o primeiro, mas não por isso o maior.

Padre António Vieira, in "Sermões"

12 comentários:

addiragram disse...

Sábias palavras e boa lembrança esta!
Fiquei contente por saber que a minha música te faz companhia...A mim, também! Um beijinho.

Sofia K. disse...

Olá! Estava mesmo agora a ouvir a 'tua' música... Vivaldi, mais precisamente!

beijinhos

vieira calado disse...

Bastante sábio (e sabido),
este grande cultor (escultor)
das palavras.
Um abraço

ana v. disse...

O padre AV tem toda a razão: o primeiro amor é uma aprendizagem. Muito bonito, mas cheio de falhas e de erros que atrapalham tudo, por excesso de romantismo e de ansiedade.
No segundo, terceiro, etc., é que se ama com todo o conhecimento de causa, toda a experiência, toda a vontade.
Só me admiro é que um padre soubesse isto tão bem!
Beijinhos

Anónimo disse...

SEm dúvida o segundo,mas olha q o terceiro ainda é melhor.O quarto então nem te digo.E o quinto?lololololol
Estou a brincar Sofia.Se a Rainha me lê,fico de castigo.lololololol
Beijoca e vim só dizer-te q já respondi ao teu desafio lá no Páginas.Mas olha,se fores lá ver,não te assustes.lololol Eu mudei aquilo tudo outra vez.lololol
JC

Sofia K. disse...

Vieira Calado, e pensar que estes ensinamentos vêm de um Padre...
beijinhos

AV, tu foi 'CTRL C' e 'CTRL V'? Certo? Tens toda razão... deve ser do 'A' e do 'V'! Beijos miúda!

Ai JC, JC! Que eu vou contar à tua menina... ainda ontem passámos horas na fofoca as duas, enquanto trabalhávamos e tu cuidavas da família em casa!

Vou lá ver as tuas 'insignificâncias'! E as tuas inovações...

beijos e bom fim-de-semana

Anónimo disse...

A menina já aqui está!!! hahahahaha
Ai imperador...imperador...olha que eu só espero que eu seja o quinto..senão ficas mesmo de castigo!!!hahahahahaha

Sofia...tens razão minha querida...o primeiro amor nunca se esquece..mas quase sempre fica guardado no nosso coração como uma lembrança terna!:)
Mil beijinhos e tem um óptimo fim de semana
Cleo

miguel disse...

Respondendo à legítima dúvida da AV ( Ana Vidal), AV ( António Vieira) além de inteligente e pleno de humanidade, teve a experiência de confessionário, que é meio caminho andado para tornar qualquer um douto, nestas e noutras matérias.

E, Sofia, o teu blogue ( assim como os do Pedro e da Ana) vai de bom a melhor. E olha que eu sou um habitué de blogues de longa data. Continua.

Sofia K. disse...

Cleo... nunca mais aparecias e eu fui andando... fofocamos na segunda! beijinhos miúda e festas na barriga
E bom fim-de-semana também para ti...

Olá miguel, sejas bem aparecido!
Não me tinha lembrado da do confessionário... E obrigada pelos elogios!
beijinhos

ana v. disse...

Miguel, pela minha parte obrigada também pelo elogio. Sabe sempre bem, e eu sei que és um crítico atento. Mas essa da "sabedoria de confessionário" é que não me convence: foi essa teoria que levou a que freiras absolutamente inexperientes e fanáticas ministrassem aulas de "educação sexual" a adolescentes curiosas e ávidas de conhecer esses assuntos. Aconteceu comigo, num colégio de freiras, e as aulas eram um filme cómico que ninguém levava a sério. Mas no caso dos padres, de esde sempre, sabemos que a experiência não é só de confessionário. E ainda bem, porque são humanos como todos os outros homens e a abstinência sexual é uma aberração da natureza. O que determinou o celibato do clero foi simplesmente a concentração de bens na posse da Igreja. Se fossem autorizados a casar, muitos escândalos e comportamentos marginais seriam evitados.
Possivelmente, não concordas. Mas eu já estou habituada e é sempre estimulante discutir contigo...
Beijos

Maria João Matos disse...

Eu diria que não há amor como o primeiro... nem como o segundo ou todos aqueles que possam existir nas nossas vidas! Isto porque serão todos sempre diferentes. Não necessariamente melhores ou piores, não necessariamente mais ou menos intensos... diferentes! E por isso mesmo únicos e especiais ;)

Sofia K. disse...

Av, no confessionário não se aprende muito, até porque as confissões que lá se fazem, deixam muito a desejar... (falo por mim, quando as fazia! Ensinei muito, a muitos padres!)A prática ajuda mais e é necessária! Acredito que a prática ajudaria até nos confessionários.

beijinhos e um sorriso

Maria João, como tu sabes bem as coisas... nem melhores, nem piores... diferentes!

beijos