sábado, 31 de maio de 2008
sexta-feira, 30 de maio de 2008
...como sou...
sou como sou e nada sou
inteiro, partido
repartido
um rabisco, um rascunho
perdido
entre a tela e o pincel
repartido
um rabisco, um rascunho
perdido
entre a tela e o pincel
Eu queria ir...
... e ainda não perdi a esperança!
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terça-feira, 27 de maio de 2008
As artes do poema
UM POEMA
Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...
Miguel Torga, Diário XIII
Não tenhas medo, ouve:
É um poema
Um misto de oração e de feitiço...
Sem qualquer compromisso,
Ouve-o atentamente,
De coração lavado.
Poderás decorá-lo
E rezá-lo
Ao deitar
Ao levantar,
Ou nas restantes horas de tristeza.
Na segura certeza
De que mal não te faz.
E pode acontecer que te dê paz...
Miguel Torga, Diário XIII
Embirro solenemente com...
Pede-me a minha amiga Cleo, do Páginas, que confesse algumas das minhas embirrações de estimação. Não sou de grandes embirrações, mas há umas que quase me causam urticária.
1) As tunas a cantar A mulher gorda, dentro daquele terrível traje e naquelas cerimónias, com os caloiros a lamberem-lhes os pés e as capas mais porcas do que sei lá o quê... fico doente!
2) Embirro com os programas de opinião pública, já que é raro alguém dizer alguma coisa que valha a pena ouvir... perda de tempo!
3) Embirro com as conversas de sala de espera do consultório, de paragens de autocarro, de jeovás que nos abordam na rua: A menina gosta de ler? Eu sou a luz na sua vida... Respondo sempre que sou analfabeta! Não tenho paciência!
4) Não aguento a incompetência e falta de educação em supermercados, restaurantes e cafés. Protesto sempre, reclamo! A educação é bonita e eu gosto!
5) Não aguento faltas de respeito pelas pessoas que têm lugares prioritários no autocarro, no comboio ou no metro! Porque de repente, quando eu entro, todos lêem o jornal, fingem que dormem, abraçam-se às pernas e queixam-se das maleitas todas e eu é como se não existisse! Se os motoristas guiassem bem, ainda se aceitava, mas no autocarro quase voo de uma ponta à outra! O mesmo se passa, quando chego a uma caixa prioritária, no supermercado, avanço para ser atendida e alguém reclama, atrás: Se não pode esperar na fila, não venha às compras!, quando aquela caixa me dá prioridade e há outras que não dão! Ainda não me comecei a rebelar, mas dêem-me mais uns dias...
6) Embirro com a X, com a Y e com a Z e com o M, o H e o B. Bem sei que às vezes chego a ser desagradável, mas não sou capaz de o esconder... é mais forte do que eu! Porque não aguento engraçadinhos, armados aos cucos, mal educados, mesquinhos, falsetes, pretensiosos, enjoadinhos, maldosos...
1) As tunas a cantar A mulher gorda, dentro daquele terrível traje e naquelas cerimónias, com os caloiros a lamberem-lhes os pés e as capas mais porcas do que sei lá o quê... fico doente!
2) Embirro com os programas de opinião pública, já que é raro alguém dizer alguma coisa que valha a pena ouvir... perda de tempo!
3) Embirro com as conversas de sala de espera do consultório, de paragens de autocarro, de jeovás que nos abordam na rua: A menina gosta de ler? Eu sou a luz na sua vida... Respondo sempre que sou analfabeta! Não tenho paciência!
4) Não aguento a incompetência e falta de educação em supermercados, restaurantes e cafés. Protesto sempre, reclamo! A educação é bonita e eu gosto!
5) Não aguento faltas de respeito pelas pessoas que têm lugares prioritários no autocarro, no comboio ou no metro! Porque de repente, quando eu entro, todos lêem o jornal, fingem que dormem, abraçam-se às pernas e queixam-se das maleitas todas e eu é como se não existisse! Se os motoristas guiassem bem, ainda se aceitava, mas no autocarro quase voo de uma ponta à outra! O mesmo se passa, quando chego a uma caixa prioritária, no supermercado, avanço para ser atendida e alguém reclama, atrás: Se não pode esperar na fila, não venha às compras!, quando aquela caixa me dá prioridade e há outras que não dão! Ainda não me comecei a rebelar, mas dêem-me mais uns dias...
6) Embirro com a X, com a Y e com a Z e com o M, o H e o B. Bem sei que às vezes chego a ser desagradável, mas não sou capaz de o esconder... é mais forte do que eu! Porque não aguento engraçadinhos, armados aos cucos, mal educados, mesquinhos, falsetes, pretensiosos, enjoadinhos, maldosos...
quarta-feira, 21 de maio de 2008
Hasta luego!
Fujo para o paraíso perdido, uma casa no campo, sonhando com longas horas de passeio pelos montes e vales, piqueniques na barragem, tardes de leitura debaixo de qualquer uma árvore, ou mesmo deitada no tronco que parece ter-se dobrado à medida do nosso corpo (será que ainda cabemos?). E os fins-de-tarde em cima do telhado, à espera que o sol se ponha para lá do pomar de peras, ao longe, muito longe, naquela linha imaginária! Para recolher à braseira e ficar a ver os filmes que alugámos no clube de vídeo da vila, para ficar a ler, para conversar com quem bate à porta, para dormir a sesta e repousar o corpo dos ares do campo ou aceitar um convite para jantar.
O acordar com o galo, com o sino da igreja, com a luz que teima em espreitar por entre as portadas que já não fecham bem, por umas janelas que deixam passar o frio da manhã! Os cães a saltar quando chegamos ao pátio, quando queremos é estar à mesa de um pequeno-almoço já preparado, o sumo da laranja apanhada no pátio, o pão que alguém nos deixou na porta e um primeiro banho de sol matinal ainda, de pijama. Está frio, às vezes chove e ficamos na lareira ainda apagada, da preguiça de ir buscar lenha, de ir acendê-la, mas onde já toca um disco de vinil, que nos obriga a levantar tantas vezes, para virar, para trocar! Enrolada numa manta da Serra da Estrela, daquelas que pica na pele, como se ainda fôssemos meninas e o fizessem as saias de fazenda! Deixo-me quase sempre adormecer, perder no periclitar da lareira, na preguiça de deixar o disco parado sem que ninguém o vá girar.
Sair de casa, só para ir à praça, à mecearia, buscar a fruta que não temos, os legumes que queremos saltear numa frigideira antiga, que pega sempre, para comermos no alpendre, sem pressas. No talho, a melhor carne, que servirá de jantar, talvez um churrasco, para quem quiser aparecer e sentar-se a uma mesa onde há sempre lugar para mais um, dois, os que vierem. E as noites de ginginha e cartadas na biblioteca, a meia-luz, onde acabamos muitas vezes zangados, entre tantas batotas, como se ainda fossemos meninos de escola e roubássemos dinheiro no Monopólio!
Esperar que a noite acabe e deixar que o amanhã chegue mais tarde, ficar numa ronha de pequeno-almoço na cama, visitas no quarto no alto da 'torre' para dois dedos de conversa, preguiçando num meio-dia ainda não levantado! E como demoram essas manhãs, como parecem eternas.
As tardes passam devagar, como se os ponteiros do relógio não andassem, nos saltos à praia, às vezes em demorados passeios à beira-mar, quase sempre terminados num fim de tarde de marisco e no voltar a casa com a certeza de que a felicidade é esta sensação e que amanhã ainda andará por aí!
Hoje é dia de partida. Malas feitas, é só esperar a hora de saída, o salto para o carro entre desejos de ainda ver o pôr-do-sol à beira-mar.
Hoje é dia de partida. Malas feitas, é só esperar a hora de saída, o salto para o carro entre desejos de ainda ver o pôr-do-sol à beira-mar.
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terça-feira, 20 de maio de 2008
Embalada em ternura
Foi uma noite belíssima, num concerto a meia-luz. Apesar do som e da idade, cantámos para aquele sorriso que há muito nos enternece e com aquela voz que dá a mão a tantos momentos importantes na nossa vida! Ontem, deixámo-nos levar pela onda de lárararás que surgiam entre um público tímido, que apenas sorria. Foi uma noite de ternura, de aplausos e de recordações de tantas vezes, tantas, que o cantámos por aí! Acorda-se com o embalo de Le temps de vivre e com desejos que hoje fosse ontem, para que esta noite se vivesse outra vez. Agora que ele canta apenas na telefonia do carro, dando banda sonora ao dia chuvoso e de olhar triste, fica a esperança de que um dia volte ao palco e que quem ontem 'nadou' possa amanhã dançar a sua preferida: Bahia.
Nota: Com esta música, deixo a minha homenagem a Zélia Gattai(São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008), uma baiana por amor!
Nota: Com esta música, deixo a minha homenagem a Zélia Gattai(São Paulo, 2 de julho de 1916 — Salvador, 17 de maio de 2008), uma baiana por amor!
segunda-feira, 19 de maio de 2008
Cais das Codornizes (XIII)
Hoje é o dia por que esperamos desde Janeiro - o do concerto de Moustaki no CCB! Dizem as 'más línguas' que está velho e canta mais devagar, mas acreditamos que conservará toda a magia das suas músicas! Passado um fim-de-semana a recordar as músicas da nossa vida, entre viagens para aqui e para ali, hoje vai ser ao vivo, um reviver em gestos, em olhares, um poeta de cumplicidades, de fins de tarde espalhados pelas viagens ou em terraços altos nos fins-de-semana. Esperamo-lo vivo, enérgico e com aquela voz a que nos habituou, num concerto que nos vai ficar a pairar na memória por muitos anos. O Cais recorda o concerto no Olympia, em 2000, e o codornizes o do Dejazet, em 1987, com a música Il est trop tard. Mas nunca é tarde para ouvir Georges!
sexta-feira, 16 de maio de 2008
A próxima viagem
Quase tão fascinante como a viagem em si é o planear da viagem. Andamos com borboletas na barriga até chegar o grande dia e quase não dormimos de véspera. Consigo manter a ansiedade que tinha em miúda, o contar dos dias, riscando os que já passaram no calendário. E posso passar horas a pesquisar sobre o destino. Acho que aprendi essa´arte' com o meu pai e com o meu avô! Não sou tão pouco flexível como eles, mas quase tão organizada. Aprendi de miúda, nas viagens de Verão e de Inverno, de carro, os cinco, a conhecer Portugal e Espanha! Uma história aqui, um museu ali, uma Sé acolá, sempre com datas, lendas! Eram estafantes, mas hoje sabemos que valeu a pena e temos saudades!
A alegria de um dia como o de hoje - em que se toma a decisão, marca-se o dia e os destinos e começa-se a pesquisa - é inexplicável, mesmo quando a paragem final é mesmo aqui ao lado!
O próximo destino será a Andaluzia, na Espanha da minha paixão. O pretexto é um concerto em Cádis, mas mais dias serão para poder rever paraísos, reencontrar sabores, paisagens e descobrir novos portos de abrigo. As viagens por Espanha têm sempe o sabor de 'saltimbanco louco' e o ritmo alucinante de quem não quer perder nada. Nas noites que antecedem os passeios são folhas A4 espalhadas pela cama, numa organização de roteiros gastronómicos, passeios a não perder e histórias a saber. Voltamos cansados, mas refeitos, depois de uma viagem de descoberta. A juventude ajuda a que as noites sejam longas e os dias muito preenchidos. Paragens nas paisagens que ficam na memória, como quando uma nuvem desenhou uma gaivota num pôr-do-sol em Monfragüe. Paragens no cimo dos montes, nas pousadas dos parques naturais, para um chá que aquece a alma e dá força para uma légua mais, nas esplanadas das Plazas Mayores, para um café que nos dá saudades de Portugal ou para umas tapas que nos caem sempre bem, num merecido descanso num banco de jardim, em faróis no fim do mundo a contemplar o mar que desenha só para nós um cenário de paraíso e nas praias onde quase nunca é Verão e que são, quase sempre, só nossas!
Levamos a casa às costas, a literatura por companhia e a força de quem quer ver mais e mais. Desta vez, levo a ansiedade de uma noite de concerto, desejos de gelados de leite condensado no Rayas, em Sevilha, das patatas bravas em nada iguais às tradicionais, mas maravilhosas, em El Puerto de Santa María, rodeadas de muito marisco fresco e de peixes maravilhosos, reencontros com as memórias de um passeio frio, ao fim de uma primeira tarde de Dezembro na Baía de Cádis, ou de uma estátua de Albertí, de quem comprei, depois, uma memorável antologia, em jeito de primeira cumplicidade.
Falta pouco menos de um mês, mas já entrei em contagem decrescente!
A alegria de um dia como o de hoje - em que se toma a decisão, marca-se o dia e os destinos e começa-se a pesquisa - é inexplicável, mesmo quando a paragem final é mesmo aqui ao lado!
O próximo destino será a Andaluzia, na Espanha da minha paixão. O pretexto é um concerto em Cádis, mas mais dias serão para poder rever paraísos, reencontrar sabores, paisagens e descobrir novos portos de abrigo. As viagens por Espanha têm sempe o sabor de 'saltimbanco louco' e o ritmo alucinante de quem não quer perder nada. Nas noites que antecedem os passeios são folhas A4 espalhadas pela cama, numa organização de roteiros gastronómicos, passeios a não perder e histórias a saber. Voltamos cansados, mas refeitos, depois de uma viagem de descoberta. A juventude ajuda a que as noites sejam longas e os dias muito preenchidos. Paragens nas paisagens que ficam na memória, como quando uma nuvem desenhou uma gaivota num pôr-do-sol em Monfragüe. Paragens no cimo dos montes, nas pousadas dos parques naturais, para um chá que aquece a alma e dá força para uma légua mais, nas esplanadas das Plazas Mayores, para um café que nos dá saudades de Portugal ou para umas tapas que nos caem sempre bem, num merecido descanso num banco de jardim, em faróis no fim do mundo a contemplar o mar que desenha só para nós um cenário de paraíso e nas praias onde quase nunca é Verão e que são, quase sempre, só nossas!
Levamos a casa às costas, a literatura por companhia e a força de quem quer ver mais e mais. Desta vez, levo a ansiedade de uma noite de concerto, desejos de gelados de leite condensado no Rayas, em Sevilha, das patatas bravas em nada iguais às tradicionais, mas maravilhosas, em El Puerto de Santa María, rodeadas de muito marisco fresco e de peixes maravilhosos, reencontros com as memórias de um passeio frio, ao fim de uma primeira tarde de Dezembro na Baía de Cádis, ou de uma estátua de Albertí, de quem comprei, depois, uma memorável antologia, em jeito de primeira cumplicidade.
Falta pouco menos de um mês, mas já entrei em contagem decrescente!
Galope
Las tierras, las tierras, las tierras de España,
las grandes, las solas, desiertas llanuras.
Galopa, cabbalo cuatralbo,
jinete del pueblo,
al sol y a la luna.
! A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!
(...)
(Rafael Alberti in Capital de la Gloria, 1936/38)
Las tierras, las tierras, las tierras de España,
las grandes, las solas, desiertas llanuras.
Galopa, cabbalo cuatralbo,
jinete del pueblo,
al sol y a la luna.
! A galopar,
a galopar,
hasta enterrarlos en el mar!
(...)
(Rafael Alberti in Capital de la Gloria, 1936/38)
(Pedro Guerra - Contamíname)
Nota: Dedico esta entrada à Madrinha, que me apresentou este 'cantautor', pretexto da minha romaria!
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quarta-feira, 14 de maio de 2008
Desejos de azul (ficção)
Desejos de nada, de maresia e solidão.
Desejos de não-beijos...
- Para ali, para ali, não quero estar aqui!
Desejos de partir, saio sem fazer barulho, sem se ver, sem deixar rasto.
Páro de ler, de escrever, de analisar a vida a mílimetro, não dou um passo sem a sombra dos teus.
Ai! quero sair, esconder-me, para largar num voo de rapina e cair no mar, a boiar numa jangada sem norte!
Desejos de voltar para ainda te amar.
Nota: escrito à beira-mar em Novembro 2007.
Eu em meia dúzia de palavras
Mujer en la ventana (Salvador Dalí)
Pede-me o RAA do Abencerragem que me defina em meia dúzia de palavras e numa imagem. Pois aqui está:
Sou o sorriso e o brilho nos olhos quando os dias são de sol e de maresia; sou o silêncio e o olhar perdido quando pairam as nuvens. Sou um veleiro que navega em alto-mar, saltitando de cais em cais, numa teimosa busca de aventuras apaixonantes.
sexta-feira, 9 de maio de 2008
Vou de viagem
De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.
(Sophia de Mello Breyner Andresen - Mar)
O fim-de-semana vai ser assim, na minha janela à beira-mar.
quarta-feira, 7 de maio de 2008
Memórias de fim de tarde
As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só com a areia e com a espuma.
Do mar que cantava só para mim.
(Sophia de Mello Breyner - As ondas)
Eu estava só com a areia e com a espuma.
Do mar que cantava só para mim.
(Sophia de Mello Breyner - As ondas)
Ontem, o fim de tarde foi de passeio nas curvas da serra, de travesseiros e de mar. Há dias em que acordo com desejos da beira-mar, do cheiro a maresia a entrar pelas janelas quando se abrem de par em par. Sei que vai ser assim no fim-de-semana, que o mar vai estar mesmo por baixo da minha janela, que vou adormecer embalada pelo bater das ondas nas rochas, acordar com o canto da brisa matinal. Mas ontem desejei esse sabor e fui procurá-lo! Passear pé ante pé à beira-mar, às vezes correr fugindo das ondas que rebentam ferozes e se deitam a nossos pés! Deixar ali o meu cansaço e levitar! Regressar a casa, deixar para trás o mar, as ondas e as marés, mas trazê-los desenhados em leves gotas nos pés e grãos de areia brilhantes nos sapatos.
Nota: Obrigada às minhas companhias do passeio, por satisfazerem os meus caprichos!
Minha Pátria é a Língua Portuguesa
MANIFESTO
EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA
CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO
(Ao abrigo do disposto nos Artigos n.os 52.º da Constituição da República Portuguesa, 247.º a 249.º do Regimento da Assembleia da República, 1.º n.º. 1, 2.º n.º 1, 4.º, 5.º, 6.º e seguintes da Lei que regula o exercício do Direito de Petição)
Ex.mo Senhor Presidente da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro
EM DEFESA DA LÍNGUA PORTUGUESA
CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO
(Ao abrigo do disposto nos Artigos n.os 52.º da Constituição da República Portuguesa, 247.º a 249.º do Regimento da Assembleia da República, 1.º n.º. 1, 2.º n.º 1, 4.º, 5.º, 6.º e seguintes da Lei que regula o exercício do Direito de Petição)
Ex.mo Senhor Presidente da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Presidente da Assembleia da República Portuguesa
Ex.mo Senhor Primeiro-Ministro
1 – O uso oral e escrito da língua portuguesa degradou-se a um ponto de aviltamento inaceitável, porque fere irremediavelmente a nossa identidade multissecular e o riquíssimo legado civilizacional e histórico que recebemos e nos cumpre transmitir aos vindouros. Por culpa dos que a falam e escrevem, em particular os meios de comunicação social; mas ao Estado incumbem as maiores responsabilidades porque desagregou o sistema educacional, hoje sem qualidade, nomeadamente impondo programas da disciplina de Português nos graus básico e secundário sem valor científico nem pedagógico e desprezando o valor da História.
Se queremos um Portugal condigno no difícil mundo de hoje, impõe-se que para o seu desenvolvimento sob todos os aspectos se ponha termo a esta situação com a maior urgência e lucidez.
2 – A agravar esta situação, sob o falso pretexto pedagógico de que a simplificação e uniformização linguística favoreceriam o combate ao analfabetismo (o que é historicamente errado) e estreitariam os laços culturais (nada o demonstra), lançou-se o chamado Acordo Ortográfico, pretendendo impor uma reforma da maneira de escrever mal concebida, desconchavada, sem critério de rigor, e nas suas prescrições atentatória da essência da língua e do nosso modelo de cultura. Reforma não só desnecessária mas perniciosa e de custos financeiros não calculados. Quando o que se impunha era recompor essa herança e enriquecê-la, atendendo ao princípio da diversidade, um dos vectores da União Europeia.
Lamenta-se que as entidades que assim se arrogam autoridade para manipular a língua (sem que para tal gozem de legitimidade ou tenham competência) não tenham ponderado cuidadosamente os pareceres científicos e técnicos, como, por exemplo, o do Prof. Doutor Óscar Lopes, e avancem atabalhoadamente sem consultar escritores, cientistas, historiadores e organizações de criação cultural e investigação científica. Não há uma instituição única que possa substituir-se a toda esta comunidade, e só ampla discussão pública poderia justificar a aprovação de orientações a sugerir aos povos de língua portuguesa.
3 – O Ministério da Educação, porque organiza os diferentes graus de ensino, adopta programas das matérias, forma os professores, não pode limitar-se a aceitar injunções sem legitimidade, baseadas em "acordos" mais do que contestáveis. Tem de assumir uma posição clara de respeito pelas correntes de pensamento que representam a continuidade de um património de tanto valor e para ele contribuam com o progresso da língua dentro dos padrões da lógica, da instrumentalidade e do bom gosto. Sem delongas deve repor o estudo da literatura portuguesa na sua dignidade formativa.
O Ministério da Cultura pode facilitar os encontros de escritores, linguistas, historiadores e outros criadores de cultura, e o trabalho de reflexão crítica e construtiva no sentido da maior eficácia instrumental e do aperfeiçoamento formal.
4 – O texto do chamado Acordo sofre de inúmeras imprecisões, erros e ambiguidades – não tem condições para servir de base a qualquer proposta normativa.
É inaceitável a supressão da acentuação, bem como das impropriamente chamadas consoantes "mudas" – muitas das quais se lêem ou têm valor etimológico indispensável à boa compreensão das palavras.
Não faz sentido o carácter facultativo que no texto do Acordo se prevê em numerosos casos, gerando-se a confusão.
Convém que se estudem regras claras para a integração das palavras de outras línguas dos PALOP, de Timor e de outras zonas do mundo onde se fala o Português, na grafia da língua portuguesa.
A transcrição de palavras de outras línguas e a sua eventual adaptação ao português devem fazer-se segundo as normas científicas internacionais (caso do árabe, por exemplo).
Recusamos deixar-nos enredar em jogos de interesses, que nada leva a crer de proveito para a língua portuguesa. Para o desenvolvimento civilizacional por que os nossos povos anseiam é imperativa a formação de ampla base cultural (e não apenas a erradicação do analfabetismo), solidamente assente na herança que nos coube e construída segundo as linhas mestras do pensamento científico e dos valores da cidadania.
Os signatários,
Ana Isabel Buescu
António Emiliano
António Lobo Xavier
Eduardo Lourenço
Helena Buescu
Jorge Morais Barbosa
José Pacheco Pereira
José da Silva Peneda
Laura Bulger
Luís Fagundes Duarte
Maria Alzira Seixo
Mário Cláudio
Miguel Veiga
Paulo Teixeira Pinto
Raul Miguel Rosado Fernandes
Vasco Graça Moura
Vítor Manuel Aguiar e Silva
Vitorino Barbosa de Magalhães Godinho
Zita Seabra
...
Nota: Para assinar é aqui.
segunda-feira, 5 de maio de 2008
Diário de viagem
Dias de sol. Acordar pela manhã, com os raios a rasgar as riscas verticais do cortinado e a fazer despertar as almas mais quietas. Apenas acordar. Esperar pelo pão quente e o jornal, ainda o sol se começa a levantar. Desfazer as malas e encontrar a roupa de praia. Sair para passear como se navegássemos pela madrugada dentro, no caminho para a manhã de luz. Procurar o lugar ao sol numa esplanada virada para a marina. Voar com as ondas do vento até ao abrigo da piscina, sempre tão azul, tão fria, mas quase só nossa. Entre braçadas, mergulhos orgulhosos e fotografias de sorrisos, vamos deixando que o dia passe, que a tarde chegue enfim, para cairmos em quase sestas de fim de tarde em frente ao mar de que temos saudades infinitas. Ouvimo-lo murmurar, chamando por nós, mas a areia quente canta mais alto e ficamo-nos por ela. Jantar fora, tarde, sem horas, e deixarmo-nos cair na cama, como crianças que todo o dia correram na praia, atrás da bola, a fazer castelos de areia, a saltar as ondas e dar mergulhos, como golfinhos em alto-mar.
Acordar de novo e despertar para um novo dia, com o mesmo entusiasmo dos dias repletos de surpresas. Os presentes, as alegrias e novos sorrisos infantis que vêm ao nosso encontro. Como são puros os sorrisos das crianças. E que saudades desses dias em que a água nunca estava fria, em que o vento nunca despenteava, em que corríamos ao lado do mundo, ao mesmo ritmo, às vezes mais velozes.
Passear ao fim do dia, vendo o recolher das andorinhas em voos rasantes, um último mergulho, seguido de uma corrida para o banho de água quente numa banheira à nossa espera. E o mundo quase parado, apenas a navegar, numas horas que quase não passam.
Olhar o corpo bronzeado e ganhar coragem para o vestido e para os saltos altos. Sair para jantar e a acabar a noite, quando já vai grande a madrugada, a dançar na pista. A noite pára, chega a hora e amanhã já é dia de voltar.
Um presente
Porque amanhã é o meu dia número um nas aulas de ginástica e porque estou solidária com o Tio Jacinto, que já deve ir no seu dia 15, no mínimo... um vídeo para nos dar coragem!
Dia da espiga
Este ano deixei passar a data! Calhou no feriado e nem dei por ela. Costumo sair de casa pela manhã, numa quinta-feira de Maio, e encontrar as vendedoras dos raminhos da espiga nas saídas do metro. Nesse dia, compro um sem-número de ramos para distribuir pela família e pelos amigos. Não para festejar o dia religioso, a quinta-feira da Ascenção, mas para seguir a tradição pagã.
Manda a tradição que, de manhã, se vá para o campo apanhar as flores do ramo - a espiga, a folha de oliveira, o malmequer branco, o amarelo e uma papoila. Hoje, porém, já muitos compram o ramo completo, pela falta de tempo para os passeios matinais pelo campo!
Cada elemento simboliza um desejo:
- A espiga é para que haja pão, ou seja, que nunca falte comida em cada casa;
- O ramo de oliveira para que haja paz (a pomba trazia no bico o ramo de oliveira) e para que nunca falte luz (antigamente as lamparinas eram alimentadas com azeite);
- As flores, para que haja alegria, simbolizada pela cor. O malmequer acredita-se que traz o ouro e a prata, a papoila o amor.
Depois, é só atar o ramo e guardá-lo em casa até ao próximo Dia da Espiga.
Eu ainda tenho o do ano passado, guardado na cozinha, bem à vista de todos. Este ano, deixei passar o dia. Mas ontem, alguém de olhar mais atento reparou que à porta de minha casa, no 'meu campo', havia todas as flores do ramo, menos a da oliveira. Alguém tem para a troca?
Manda a tradição que, de manhã, se vá para o campo apanhar as flores do ramo - a espiga, a folha de oliveira, o malmequer branco, o amarelo e uma papoila. Hoje, porém, já muitos compram o ramo completo, pela falta de tempo para os passeios matinais pelo campo!
Cada elemento simboliza um desejo:
- A espiga é para que haja pão, ou seja, que nunca falte comida em cada casa;
- O ramo de oliveira para que haja paz (a pomba trazia no bico o ramo de oliveira) e para que nunca falte luz (antigamente as lamparinas eram alimentadas com azeite);
- As flores, para que haja alegria, simbolizada pela cor. O malmequer acredita-se que traz o ouro e a prata, a papoila o amor.
Depois, é só atar o ramo e guardá-lo em casa até ao próximo Dia da Espiga.
Eu ainda tenho o do ano passado, guardado na cozinha, bem à vista de todos. Este ano, deixei passar o dia. Mas ontem, alguém de olhar mais atento reparou que à porta de minha casa, no 'meu campo', havia todas as flores do ramo, menos a da oliveira. Alguém tem para a troca?
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