
Este ano deixei passar a data! Calhou no feriado e nem dei por ela. Costumo sair de casa pela manhã, numa quinta-feira de Maio, e encontrar as vendedoras dos raminhos da espiga nas saídas do metro. Nesse dia, compro um sem-número de ramos para distribuir pela família e pelos amigos. Não para festejar o dia religioso, a quinta-feira da Ascenção, mas para seguir a tradição pagã.
Manda a tradição que, de manhã, se vá para o campo apanhar as flores do ramo - a espiga, a folha de oliveira, o malmequer branco, o amarelo e uma papoila. Hoje, porém, já muitos compram o ramo completo, pela falta de tempo para os passeios matinais pelo campo!
Cada elemento simboliza um desejo:
- A espiga é para que haja pão, ou seja, que nunca falte comida em cada casa;
- O ramo de oliveira para que haja paz (a pomba trazia no bico o ramo de oliveira) e para que nunca falte luz (antigamente as lamparinas eram alimentadas com azeite);
- As flores, para que haja alegria, simbolizada pela cor. O malmequer acredita-se que traz o ouro e a prata, a papoila o amor.
Depois, é só atar o ramo e guardá-lo em casa até ao próximo Dia da Espiga.
Eu ainda tenho o do ano passado, guardado na cozinha, bem à vista de todos. Este ano, deixei passar o dia. Mas ontem, alguém de olhar mais atento reparou que à porta de minha casa, no 'meu campo', havia todas as flores do ramo, menos a da oliveira. Alguém tem para a troca?