A propósito de uma entrada do sem-se-ver, relembrando o facto de só darmos importância a alguns quando morrem, ou quando ganham prémios, sendo que é nessas alturas que os lemos mais, que os citamos mais. Muitas das vezes já vamos tarde, não sabendo dar-lhes em vida o reconhecimento que merecem. Assim, lembrei-me de uma coisa que estou há muito para pôr aqui - uma homenagem, em vida, a António Ramos Rosa. Um poeta que me é especial, por ter o privilégio de o conhecer pessoalmente, de ter privado com ele, no lar de artistas onde está. Mas mais especial do que isso, o poder ter sabido dos seus poemas logo no dia em que os escrevia e reconhecer a sua calma, na beleza da sua poesia. Por isso aqui fica a minha homenagem e o meu sorriso de que tanto gosta, porque não esquecerei um poema que me dedicou. Mas hoje, deixo aqui um poema que dedicou aos alunos da Professora Raquel Andrade, que o souberam ouvir, atentos, como nunca ninguém nos fez estar.
Se eu não conhecesse o amor nem a inocência
nem a maravilhosa juventude
se eu não reconhecesse o rosto da vida
se eu fosse opaco
se eu estivesse empedernido
se eu não confiasse em nada
se eu fosse incapaz de u,m gesto de ternura
se tivesse perdido a inteligência da dança
e o meu saber não tivesse a sabedoria do saber
e do sangue
se eu tivesse perdido o dom da atenção ao ardor obscuro
da vida animada pelo desejo
eu teria renascido quando vos vi
eu teria respirado a pureza dos vossos rostos~eu teria renascido
eu teria entrado no adorável país
da juventude do sol.
(27 de Fevereiro de 2002)
3 comentários:
ramos rosa.... :)))))))
mesmo! :))))))))))
(tão justa, tão justa esta tua homenagem)
Sofia, que beleza de homenagem! Justa, claro, e de uma sensibilidade que não me espanta nada. Parabéns.
Obrigada às meninas... é mesmo dos meus poetas favoritos... Apesar de estar em dívida com ele e com alguém a quem prometi apresentá-lo!
Um beijinho às duas
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