Milan Kundera nasceu a 1 de Abril de 1929 em Brnö, na antiga Checoslováquia, e vive em França desde 1975.
As perguntas verdadeiramente importantes são as que uma criança pode formular - e apenas essas. Só as perguntas mais ingénuas são realmente perguntas importantes. São as interrogações para as quais não há resposta. Uma pergunta para a qual não há resposta é um obstáculo para lá do qual não se pode passar. Ou, por outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não há resposta que marcam os limites das possibilidades humanas e traçam as fronteiras da nossa existência.
in A Insustentável Leveza do Ser
Quando penso em Milan Kundera, lembro-me sempre das tardes de Verão deitada numa espreguiçadeira amarela virada às Berlengas, à espera do pôr-do-sol. Acho que o li no mesmo sítio, no mesmo pátio, ao fim do dia, nas tardes de praia. O mesmo se passa com Luís Sepúlveda e Colleen McCullough, sempre os li nas férias de Verão, um após outro, muitas vezes depois de a minha Mãe os ter lido, outras vezes ao mesmo tempo.
Lembro-me do verão da Ignorância (2000) e de ter ficado a pensar, a propósito de uma história minha, no facto de a ausência e a distância poderem quebrar os sonhos e os desejos, poderem apagar as lembranças e os desejos a dois e criar dois novos seres tão distantes, apesar do passado que os une. E que as ideias que temos do passado, daquilo que fomos, podem ser tão distintas de um ser para outro. Nas memórias guardamos apenas uma parte daquilo que fomos, que vimos ser e que aconteceu. A nossa ignorância está também em não saber porque recordamos o que recordamos, porque guardamos na alma determinadas coisas e não outras. É no reencontro com o passado, com as nossas personagens do passado, que nos deparamos com essa inevitável ignorância humana.
Ainda não me aventurei em A Insustentável leveza do ser (1984), mas será um dos próximos, quem sabe este Verão, na mesma cadeira virada ao mar.
5 comentários:
Trocadilho fácil:
Kundera ter 25% do talento dele...
Beijos.
Kundera a mim! ;)
beijos
Estou a ouvir o Reggiani. Foi um dos meus ídolos de juventude. Partilhava com ele os sonhos de liberdade e justiça. Ainda hoje me emociona.
Estivemos em sintonia no dia do Milan Kundera, amiga. Também gosto mais deste título e foi dos mais belos livros que li em toda a minha vida. E o filme também.
Olha lá, sê sincera. Ofereceste o livro a tua mãe para depois fazeres o dois em um? Pois...
Beijo
O Senhor Reggiano encanta-me e enamora-me as tardes aqui na biblioteca! Também me emociona. Quando vou no carro cantamos os dois a uma só voz... não queiras ouvir! ;)
Não ofereci à mãe, mas à sogra, aprece-te bem? Mas mesmo assim, é dois em um!
beijinhos
Que feliz surpresa encontrar outro blog onde o aniversário de Kundera é comemorado.
Parece-me que sois de Portugal, não? Pois se tem interesse de visitar um espaço dedicado à Kundera, Sartre e outras angústias, seja bem-vinda ao Litost (http://ressentimento.wordpress.com).
Saudações do além-mar.
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