quarta-feira, 2 de abril de 2008

Amante de duas noites



Os livros de Patrick Süskind são sempre amantes fugazes, porque nem nos damos conta do tempo a passar. As folhas passam a um ritmo veloz mas, ao mesmo tempo, são como brisas que navegam no nosso pensamento. Aconteceu-me com A Pomba, com O contrabaixo e, nos últimos dois serões, com O senhor Sommer. O mesmo já não posso dizer de O perfume, que me acompanhou em vários fins-de-semana, em passeios por Lisboa, lendo ao ritmo da calçada, sentindo todos os cheiros que o livro emite e acabando a última página na Basílica da Estrela, durante um concerto de órgão.

"No tempo em que eu ainda trepava às árvores - há muitos, muitos anos, há dezenas de anos atrás, media apenas pouco mais de um metro, calçava o número vinte e oito e era tão leve que podia voar - não, não estou a mentir, naquele tempo eu podia de facto voar - ou, pelo menos, quase, ou, melhor dizendo: naquela altura teria realmente conseguido voar, se de facto o tivesse querido fazer e se verdadeiramente tivesse tentado..."

in A história do senhor Sommer, de Patrick Süskind
(com ilustrações de Sempé)

6 comentários:

Huckleberry Friend disse...

Esta é das entradas mais bonitas do cais nos últimos tempos! Pelo texto, pela ilustração, pelo trecho escolhido. E pelo muito que diz a um trepador de árvores que calça 43 e está em período menos leve (ui, a dieta!), mas não deixa de se sentir capaz de voar até ao ramo mais alto, para apanhar laranjas sumarentas - como as desta manhã - ou divisar praias inexploradas lá ao fundo. Dá-me a mão, como no Snowman, e let's walk in the air. Beijinhos!

Sofia K. disse...

Melhor trepador de a´rvores que já vi: vais gostar de ler este livro, por isso, pelo regresso a uma infância em que acreditamos que pdoemos voar, msa também por aquilo que crescer tem de cruel. Mas contado aos olhos de quem vês sempre criança.

beijinhos

tcl disse...

só li o perfume, quando saíu, bem antes do filme, que não vi. Mas fiquei com vontade de ler mais depois do trecho que aqui deixaste

Sofia K. disse...

Teresa, vale a pena. São pequenos, dá apra ler numa tarde e são preciosos... são apontamentos belíssimos, de uma ingenuidade e de uma pureza maravilhas!

beijinhos

Anónimo disse...

Olá Sofia
Agradeco a visita e comentário ao Arboretto. Achei ótima sua indicação. Li o Perfume muito antes do filme. Amante fugaz como você diz, mas intenso, o livro nos deixa mesmo curiosa, sentindo cheiros... Vou ler o que você indica, obrigada!!
Abs.

Sofia K. disse...

Faz bem, Lucia, vale mesmo a pena, porque o livro é belíssimo!

beijinhos