Os livros de Patrick Süskind são sempre amantes fugazes, porque nem nos damos conta do tempo a passar. As folhas passam a um ritmo veloz mas, ao mesmo tempo, são como brisas que navegam no nosso pensamento. Aconteceu-me com A Pomba, com O contrabaixo e, nos últimos dois serões, com O senhor Sommer. O mesmo já não posso dizer de O perfume, que me acompanhou em vários fins-de-semana, em passeios por Lisboa, lendo ao ritmo da calçada, sentindo todos os cheiros que o livro emite e acabando a última página na Basílica da Estrela, durante um concerto de órgão.
"No tempo em que eu ainda trepava às árvores - há muitos, muitos anos, há dezenas de anos atrás, media apenas pouco mais de um metro, calçava o número vinte e oito e era tão leve que podia voar - não, não estou a mentir, naquele tempo eu podia de facto voar - ou, pelo menos, quase, ou, melhor dizendo: naquela altura teria realmente conseguido voar, se de facto o tivesse querido fazer e se verdadeiramente tivesse tentado..."
in A história do senhor Sommer, de Patrick Süskind
(com ilustrações de Sempé)
6 comentários:
Esta é das entradas mais bonitas do cais nos últimos tempos! Pelo texto, pela ilustração, pelo trecho escolhido. E pelo muito que diz a um trepador de árvores que calça 43 e está em período menos leve (ui, a dieta!), mas não deixa de se sentir capaz de voar até ao ramo mais alto, para apanhar laranjas sumarentas - como as desta manhã - ou divisar praias inexploradas lá ao fundo. Dá-me a mão, como no Snowman, e let's walk in the air. Beijinhos!
Melhor trepador de a´rvores que já vi: vais gostar de ler este livro, por isso, pelo regresso a uma infância em que acreditamos que pdoemos voar, msa também por aquilo que crescer tem de cruel. Mas contado aos olhos de quem vês sempre criança.
beijinhos
só li o perfume, quando saíu, bem antes do filme, que não vi. Mas fiquei com vontade de ler mais depois do trecho que aqui deixaste
Teresa, vale a pena. São pequenos, dá apra ler numa tarde e são preciosos... são apontamentos belíssimos, de uma ingenuidade e de uma pureza maravilhas!
beijinhos
Olá Sofia
Agradeco a visita e comentário ao Arboretto. Achei ótima sua indicação. Li o Perfume muito antes do filme. Amante fugaz como você diz, mas intenso, o livro nos deixa mesmo curiosa, sentindo cheiros... Vou ler o que você indica, obrigada!!
Abs.
Faz bem, Lucia, vale mesmo a pena, porque o livro é belíssimo!
beijinhos
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