Aprendi a sabê-lo quando ainda era pequenina e juntava as letras às duas de cada vez - Mar Portuguez. Gostava das quadras populares, porque eram fáceis de decorar. Achava-o um louco complicado que se desdizia e dizia num só verso, numa só estrofe. Hoje, leio por paixão e entendimento dos versos que sei de cor, das palavras que me enchem quando estou mais avoada, perdida em confabulações.
Tabacaria, de Álvaro de Campos, por João Villaret
(roubado aqui.)
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
2 comentários:
Conto pelos dedos duma mão as vezes que o li.
Não por falta de tempo, não por preguiça. Apenas porque a primeira vez que me mostraram as suas palavras vi muito de mim.
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu?"
Deus sabe, porque o escreveu.
Por estas palavras não leio Pessoa. É uma escolha que fiz.
Fernando Pessoa parece que nos mostra sempre um pouco de cada um de nós!
beijos
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