Hoje, estou meia de molho em casa. Ainda para mais, da janela da minha sala, o sol parece brilhar lá fora, apesar de tímido. Aproveito para ler e para me actualizar de um sem fim de coisas que se vão acumulando na mesinha de cabeceira, que mais parece um prolongamento da minha biblioteca. Não resisto a juntar ali os meus livros preferidos, os que estou a ler e os que já acabei, mas ainda não fui devolver ao lugar da prateleira. Mas hoje dedico-me à poesia, porque essa anda muito avoada na minha cabeça e anda muito dispersa pelos cantos da casa. Recuperei dois ou três livros que me apeteciam, li até mais não uma série de poemas de que tinha desejos, mas acabei ancorada neste.
Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei
Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso
Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo
Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Nota: fotografia roubada, sem autorização, do Porta do Vento.
7 comentários:
Por isso com teus gestos me vestiste
a poesia a poesia...
as melhoras.sai do molho*
Já saí!
A poesia sabe bem!
beijos
Sabe, pois... e os poemas da tua homónima vestem-te tão bem! Beijo.
Um dos mais belos poemas da Sophia.
Gostei de atracar aqui...
O nu da alma em palavras vestidas de
amor.
Belo.
Beijinho e as melhoras.
Roubei-te os versos de Santa Teresa D'Ávila ( por razões óbvias)
Obrigada e desculpa o atrevimento.
Huck, a Sophia é para mim a poesia da luz, da cal, do branco, do mar e da espuma das ondas1 Sabes como gosto!
beijo
CNS, obrigada pela visita! Sophia tem sempre estas dádivas poéticas para nos dar!
Mateso, rouba o que quiseres e comenta sempre porque eu gosto da poesia que paira nos teus comentários.
beijinhos às duas
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